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Em alguns procedimentos odontológicos, duas imagens radiográficas de um mesmo local da anatomia dentária, porém tiradas em momentos distintos, podem apresentar distorções entre elas. Isso ocorre devido ao posicionamento diferente do aparelho a cada tomada radiográfica. Essas distorções podem comprometer a avaliação do quadro do paciente.
Pensando nisso, pesquisadores da Faculdade de Odontologia (FO) da USP desenvolveram um projeto que promete otimizar o trabalho de dentistas, professores e pesquisadores da área, além de beneficiar os pacientes. Próximo de ser concluído e com a patente já registrada (BR102016020284-1), o Posicionador Radiográfico Odontológico Individualizado foi desenvolvido pelas pesquisadoras Giselle Guimarães do Carmo, Kátie Rie Yabiku Utsunomiya e Rachelle Elisa Arantes Gobo, sob a coordenação dos professores Jorge Abrão e André Felipe Abrão.
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Em muitas das áreas relacionadas à odontologia, as técnicas radiográficas são parte do cotidiano, tanto no diagnóstico de pacientes quanto no setor da pesquisa e do ensino. Uma das mais comuns é a periapical, que objetiva visualizar a anatomia dentária e as estruturas ao redor dos dentes. Apesar do desenvolvimento dos dispositivos radiográficos, esse tipo de exame ainda é muito suscetível a distorções, fazendo com que imagens tiradas em momentos distintos apresentem diferenças entre si, o que prejudica a avaliação do quadro do paciente em um tratamento com aparelho ortodôntico, por exemplo.
O dispositivo projetado na FO, que se encaixa nos posicionadores universais já utilizados nas radiografias, nasceu a partir desta problemática. “Todas as tomadas radiográficas têm um problema sério, que são as distorções. Quanto menos distorções elas tiveram, mais precisas elas vão ser”, explica o orientador do projeto, Jorge Abrão, complementado pelas pesquisadoras Giselle do Carmo e Rachelle Gobo, estagiárias do projeto. O dispositivo foi projetado com a ideia de minimizar essas distorções e visando a uma qualidade radiográfica, fidelidade de imagem e precisão.
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Inicialmente, o posicionador foi pensado para atender a uma demanda da clínica de pesquisa em pacientes adultos da qual os inventores do dispositivo fazem parte, a Clínica de Pesquisa em Ortodontia Corretiva – Tratamento Ortodôntico em Pacientes Adultos com Auxílio de Ancoragem Absoluta. Com o desenvolvimento da ideia, ele pode ser usado em todas as áreas da odontologia.
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O objetivo do dispositivo é permitir sempre uma tomada na mesma posição. Ele possibilita a padronização do erro. Mesmo se eu tivesse tirado a radiografia de forma errada, com 45 graus, por exemplo, eu consigo tirar todas com o mesmo grau de distorção. O dispositivo permite que se façam tomadas radiográficas sempre com o mesmo parâmetro.
Jorge Abrão, professor coordenador
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Com cerca de sete centímetros de comprimento e de largura, o posicionador individualizado é encaixável aos universais disponíveis no mercado. O dispositivo é feito de PLA (poliácido láctico), um tipo de plástico biodegradável e de baixo custo, tornando a produção do equipamento barata (os pesquisadores estimam em R$ 15,00 a unidade) e sustentável.
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Apesar de não ser descartável, o posicionador criado na FO é individual, sendo reutilizado por um mesmo paciente nas diferentes tomadas radiográficas. “Ele está basicamente concluído, faltam detalhes para a comercialização, estamos fazendo os últimos testes. Dependendo das indústrias e do interesse, em no máximo seis meses estará sendo comercializado”, finalizam.
Mais informações: jabrao@usp.br / giselleorto@gmail.com
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Edição de arte: Caio de Benedetto…