Na Faculdade de Odontologia, alunos da rede pública tornam-se jovens cientistas

Jovens ganharam a oportunidade de realizar pesquisas em laboratórios da Universidade durante um ano

 12/12/2018 - Publicado há 5 anos
Pequenos cientistas acompanhados de pesquisadores da USP participam de aula em laboratório da Faculdade de Odontologia (FO) – Foto: Divulgação/FO

Em outubro, uma turma especial de alunos começou suas primeiras aulas na Faculdade de Odontologia da USP, em São Paulo. Eles ainda estão no nono ano do ensino fundamental, mas já estão aprendendo como é ser um cientista. Quatro jovens da Escola Municipal Teófilo Benedito Ottoni, na capital paulista, foram selecionados para uma pré-iniciação científica na Universidade durante um ano.

Os estudantes foram escolhidos após participar do Experimentando Ciência, uma iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da FO, junto à diretoria do Departamento Regional de Educação do Município de São Paulo da Região do Butantã e professores de ciências de escolas do ensino fundamental da região. Por meio de oficinas que envolvem diversos laboratórios da faculdade, as crianças se aproximam da Universidade e aprendem na prática como é a vida de um cientista.

Cada jovem pôde escolher em qual laboratório da Odontologia faria a pré-iniciação científica. Júlia Bressane e Renan Abdala optaram pelo de Patologia Oral, sendo orientados pelo professor Fábio Daumas Nunes e auxiliados pela doutoranda Lucyene Miguita Luiz. “Estamos tentando fazer com que eles conheçam um pouco do que acontece por aqui. Por exemplo, a parte do diagnóstico oral de doenças, lesões bucais e a parte de pesquisa tumoral”, explica Lucyene.

Os alunos também serão incentivados a participar de parte de uma pesquisa que já está sendo desenvolvida no laboratório. “Eles vão fazer um cultivo de células tumorais, tratar com medicamento e verificar o efeito nessas células. É um pedaço pequeno, mas já dá para eles publicarem, apresentarem, fazerem um painel”, aponta a doutoranda.

“Eu me sinto muito feliz e privilegiada por poder passar por essa experiência, está sendo incrível”, conta Júlia. Outra estudante participante é Júlia Coelho. Ela escolheu trabalhar no Laboratório de Patologia Cirúrgica e está sendo orientada pelo professor Paulo Henrique Braz da Silva e pela mestranda Mariana Bergamini.

A aluna irá avaliar carcinoma epidermoide (câncer de boca). A pesquisa que Júlia desenvolverá pretende avaliar a presença de eosinófilo em pacientes oncológicos. “Alguns estudos apontam que o prognóstico dos pacientes que possuem essa célula são melhores que na ausência dela e é essa comparação que a gente espera que a Júlia faça”, esclarece Mariana.

A estudante da escola municipal é dedicada e tem se mostrado muito interessada pelo curso. “Todos os segundos nesta faculdade, com essa equipe maravilhosa, são inesquecíveis. Um dos momentos mais marcantes, para mim, foi quando conhecemos a unidade. Naquele dia, senti que teria uma jornada magnífica pela frente, e assim está sendo.”

Os quatro estudantes da Escola Municipal Teófilo Benedito Ottoni selecionados para fazerem pré-iniciação científica na Universidade – Foto: Divulgação/FO

Letícia Cavalcante optou por conhecer mais sobre o Laboratório de Antropologia Forense. A aluna tem sido orientada pelo professor Rodolfo Melani e pela graduanda Thayane Arruda. A princípio, houve uma preocupação de quais aspectos seriam abordados, uma vez que a aluna é muito nova. Após algumas conversas, a estudante se mostrou interessada em conhecer mais e foi decidido que ela se envolveria até o ponto que se sentisse confortável. “A Letícia é uma menina muito dedicada, ela sempre estuda bastante e busca tirar dúvidas via e-mail ou mensagem”, conta Thayane.

Inicialmente, Letícia aprendeu sobre conceitos de anatomia de pescoço e cabeça e agora está trabalhando com reconstrução facial forense. Seus orientadores esperam que, até o final do processo, Letícia já tenha passado por diversos aspectos da Odontologia Legal. “Eu adoro a Thayane e o professor Rodolfo, eles foram tão atenciosos comigo e me receberam de uma forma muita carinhosa. Espero que até o final do ano eu já saiba fazer uma boa reconstrução facial e muitas outras coisas da Antropologia Forense”, diz Letícia.

Gabrielle Torquato/ Faculdade de Odontologia (FO) da USP


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