Nesta quinta-feira, dia 5 de setembro, foi inaugurado o Centro de Transplantes de Medula Óssea do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). O novo espaço permitirá que o hospital passe a realizar esse tipo de transplante e amplia a capacidade de procedimentos no Estado.
“O transplante de medula óssea se apresenta como um tratamento muito importante para a redução das mortes causadas por neoplasias hematológicas. Para muitos pacientes, representa a única chance de cura. Considerando a natureza progressiva das doenças oncológicas, é essencial que o transplante seja realizado em tempo oportuno, tendo em vista o agravamento da doença e até mesmo uma possível perda da janela para a realização do procedimento”, explica o presidente do Conselho Diretor do Icesp e professor da Faculdade de Medicina da USP, William Carlos Nahas.
Integrando o complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o novo centro vai ampliar a capacidade de realização de transplantes pelo Estado de São Paulo em, aproximadamente, 100 procedimentos por ano. Até agora, os pacientes do Icesp realizavam o transplante de medula óssea no Instituto Central do Hospital das Clínicas.
“A USP tem muita sorte de ter um complexo desse tamanho e qualidade ligado a uma de nossas unidades, que é a Faculdade de Medicina. Grande parte da pesquisa científica da Universidade é produzida neste complexo, tanto pela faculdade quanto por médicos e pesquisadores que também atuam aqui no Hospital das Clínicas e em seus institutos”, afirmou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior.
O reitor também ressaltou que, “além dos atendimentos que realiza, o Icesp também tem o papel de organizador da oncologia no Estado de São Paulo e no Brasil, atuando na definição de protocolos, condutas, fluxo de atendimento dos pacientes e telessaúde, por exemplo”.
Investimento em saúde
O Centro de Transplantes de Medula Óssea do Icesp é resultado de um investimento de R$ 7,5 milhões feito pelo Governo do Estado de São Paulo e contempla, além do novo equipamento, a modernização e a expansão dos leitos de internação da unidade.
“Nós temos aqui um dos maiores institutos do Brasil e do mundo, o Icesp. As pessoas que vierem para cá vão ter chances. Nosso primeiro ato público de saúde foi a abertura de 45 leitos do Icesp e, hoje, temos a oportunidade de abrir esse Centro de Transplantes de Medula Óssea. Se eu pudesse traduzir esse encontro em uma palavra, seria ‘esperança’. Quando você entra aqui e fala com as pessoas, todas elas estão buscando vitória sobre essa doença. O que cabe ao Estado é colocar recurso e dar estrutura para que muitas vidas sejam salvas”, afirmou o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Para o secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Eleuses Paiva, “aumentamos, nos primeiros seis meses deste ano, os atendimentos em oncologia em 17%. Estamos criando uma perspectiva para quem aguarda atendimento e para que as filas andem. Para isso, anunciamos R$ 300 milhões do Tesouro Estadual para aumentar a oferta no SUS neste ano”.
A cerimônia de inauguração do centro foi realizada no Auditório do Icesp e contou ainda com a presença da diretora da Faculdade de Medicina da USP, Eloisa Bonfá; de diretores e pesquisadores do Hospital das Clínicas e do Instituto do Câncer, entre outras autoridades.
Centro de Transplantes de Medula Óssea
Localizado no 22º andar do Icesp, o Centro de Transplantes de Medula Óssea conta com leitos totalmente adaptados às necessidades dos pacientes submetidos ao transplante, sendo dois leitos destinados à realização de transplantes alogênicos (uso de medula de um doador) e seis leitos para transplantes autólogos (uso de células do próprio paciente).
As obras também contemplaram a reestruturação de 12 leitos em apartamentos individuais prioritariamente voltados para o tratamento de patologias de onco-hematologia, como leucemias e linfomas. Devido às características de agressividade e rápida evolução, essas doenças geralmente se manifestam em quadros de alta gravidade, demandam internações prolongadas e alto consumo de recursos. Além do isolamento adequado, o setor conta com filtros de ar e água, assim como assistência médica setorizada.
A nova ala conta com uma sala equipada para reabilitação dos pacientes pós-transplantes, para que eles possam fazer a reabilitação no próprio setor, o que confere maior segurança e proteção.
Para garantir a segurança dos pacientes, o acesso aos leitos ocorre por meio de antecâmaras com pressão negativa, como barreira primária para evitar a entrada de ar não tratado e filtrado no ambiente. Na parte interna dos quartos foi instalado um sistema de ar-condicionado com cascata de pressão positiva, equipado com filtros absolutos, capazes de remover partículas aéreas potencialmente nocivas, incluindo bactérias, vírus ou esporos de fungos, estratégias que oferecem um ambiente seguro aos pacientes imunocomprometidos.