Falta de coleta seletiva eficiente pode causar danos à saúde pública

Ribeirão Preto recolhe cerca de 190 toneladas de lixo reciclável por mês e ficou um ano sem a coleta seletiva, contando somente com os ecopontos de recolhimento

 26/08/2024 - Publicado há 2 meses
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A imagem mostra duas pessoas segurando um grande saco plástico transparente. Ambas estão usando luvas brancas descartáveis. Uma das pessoas está segurando uma garrafa pet, prestes a colocá-la no saco. Ao fundo, desfocadas, há mais pessoas participando da atividade de limpeza.
Além da coleta seletiva eficiente, as cidades precisam implementar educação ambiental, especialmente entre as crianças, diz especialista – Foto: prostooleh / Freepik
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O serviço de coleta seletiva em Ribeirão Preto ficou suspenso por mais de um ano, desde fevereiro de 2023 até o início de julho deste ano. O motivo da paralisação foi a falta de renovação de contrato com a empresa responsável pelo serviço, o que exigiu a abertura de uma nova licitação, que demorou mais que o normal, segundo a Prefeitura Municipal. 

Durante a paralisação, a coleta ficou restrita aos seis ecopontos espalhados pela cidade, nos bairros Jardim Alexandre Balbo, Jardim Centenário, Jardim Santos Dumont, Jardim das Palmeiras II, Jardim Paiva, Jardim São Fernando, e também nos parques Prefeito Luiz Roberto Jábali (Curupira) e Luís Carlos Raya. 

Para o professor Fernando Bellissimo Rodrigues, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, além da coleta eficiente é necessária a implementação da educação ambiental desde cedo, pois a falta de conscientização da população é um grande problema. “As crianças precisam aprender a como reciclar para que as coisas melhorem no futuro. No Brasil, infelizmente, ainda temos muitas pessoas que jogam lixo na rua.”

Fernando Bellissimo Rodrigues – Foto: Reprodução/Fapesp

Somente no último mês de julho, quando o serviço voltou a funcionar em Ribeirão Preto, foram recolhidas mais de 15 mil toneladas de lixo orgânico e 189 toneladas de lixo reciclável em toda a cidade. O professor afirma que se o sistema de coleta não for eficiente, pode gerar grandes impactos para o meio ambiente e para a saúde da população. “O lixo é depositado em lixões ou aterros sanitários, que se acumulam de maneira inútil e desagradável. O metano, gás de efeito estufa, que é produzido pela decomposição do lixo, também pode ser tóxico. Por exemplo, na Europa não tem lixão e aterro sanitário, eles reciclam o que podem e o que não pode é incinerado para a produção de energia, o que sobra é usado como adubo.” 

Problemas do aquecimento global como ondas de calor prolongadas, chuvas volumosas e escassez de água podem ser combatidos com a reciclagem do lixo, pondera Bellissimo. “Requer muito menos energia para transformar uma garrafa de vidro em outra garrafa de vidro reciclando o lixo, aproximadamente 85% menos energia do que se fôssemos produzir outra. Cada vez que nós usamos as usinas termelétricas para complementar a produção de algum produto, estamos contribuindo para o aquecimento global.” 

O advogado Tiago Trentinella Morais da Silva, formado pela Faculdade de Direito (FD) da USP e especialista em Direito Ambiental, corrobora com o professor Bellissimo e afirma que as medidas feitas pelo poder público só funcionam se houver a cooperação do cidadão. “É impossível para qualquer administração pública fiscalizar a gestão de resíduos domésticos de cada cidadão de maneira eficaz. É necessário encorajar e educar o munícipe para que ele aja de acordo e coopere com a gestão municipal de separação de resíduos casa a casa.”

Cidade de São Paulo

Na cidade de São Paulo, a coleta de resíduos é realizada no modelo porta a porta, uma vez por semana. No caso de condomínios residenciais e prédios públicos municipais são fornecidos contêineres para o armazenamento do lixo gerado. Atualmente, o sistema só atende 76% das vias, segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo (SP Regula).

Trentinella também aponta que “na cidade de São Paulo existem duas máquinas de separação de recicláveis. Porém, essas máquinas são supercaras e não são todos os municípios que podem ter acesso a um separador. Porém, o uso dessa máquina deveria ser feito apenas em último caso, o cidadão quem deveria separar o lixo reciclável”.

* Estagiária sob supervisão de Rose Talamone e Ferraz Junior

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