A luta pelo fim do cigarro eletrônico no Brasil

Apesar de ser proibido desde 2009, o cigarro eletrônico é consumido  por 2% da população

 04/12/2023 - Publicado há 8 meses
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Neste mês de dezembro, João Paulo Lotufo  tem uma reunião da Anvisa que vai discutir novamente  a regulamentação ou não do uso do cigarro eletrônico no nosso país. “Eu lembro que, desde 2009, o cigarro eletrônico está proibido de ser produzido, mas ele acaba sendo consumido  de forma ilegal – por baixo do pano  – por 2% da população. A indústria logicamente é a mesma indústria do tabaco que omitiu que o cigarro causava dependência, que omitiu as doenças relacionadas ao tabaco durante décadas. É  a mesma indústria que lança esse produto como sendo uma coisa benéfica para quem parar de fumar e, através da mídia, através das fake news, ela consegue colocar isso na cabeça das pessoas, que  desconhecem o risco da dependência da nicotina, já que o cigarro eletrônico tem até mais nicotina do que um cigarro normal. E desconhecem também o risco das doenças causadas pelo líquido que vaporiza a nicotina e  as perfumarias que se colocam nesse produto  (as essências ) para tirar o gosto ruim da nicotina. Então, é uma indústria do mal e que omite a realidade desta nova maneira de se fumar, você continua tabagista, você continua dependente de nicotina.

Uma das coisas que acontecem também é que o cigarro eletrônico está sendo lançado para a juventude, é a nova moda, não pega ainda a juventude que a gente atende no entorno do Hospital Universitário, mas pega muitos  estudantes e pessoas da classe média, porque o custo do cigarro eletrônico acaba sendo maior . Nós precisamos lutar para que isso não seja aprovado no Brasil. O País  tinha 30% de fumantes e hoje tem 9,8%. E nós somos exemplo no mundo nessa questão antitabágica e não podemos perder terreno, criando-se uma nova maneira de se fumar.

Ah você vaporiza! É o que diz a indústria – você não  fuma mais,  isso é mentira!!  Você continua um dependente de nicotina. Um exemplo do nosso ambulatório  antitabágico, uma senhora, que estava há cinco anos sem fumar, foi a uma festa e as amigas estavam usando cigarro eletrônico, ela deu duas tragadas no cigarro eletrônico para experimentar e, no dia seguinte, voltou a fumar tudo novamente. Vamos torcer para que a Anvisa tenha a cabeça nessa decisão de continuar proibindo o uso desse material no nosso país. Um grande abraço do Dr. Bartô.”


Dr. Bartô e os Doutores da Saúde
A coluna Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, com o professor João Paulo Lotufo, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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