Cigarro eletrônico também pode afetar a saúde dos olhos

Estudo recente atesta os prejuízos que esse hábito pode causar aos olhos e que são comentados aqui pelo professor Eduardo Rocha

 22/11/2023 - Publicado há 5 meses
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O cigarro eletrônico segue proibido no Brasil, mas é cada vez mais consumido, e é disso que o professor Eduardo Rocha trata nesta edição de sua coluna. “O vape, ou cigarro eletrônico, continua proibido pela Anvisa, mas as indicações são de que está cada vez mais popular, principalmente entre jovens, que veem nele um produto inofensivo, um símbolo de rebeldia, de resistência ao sistema opressor e impositivo de tantas normas. Daí a desobediência e o favorecimento a tantos procedimentos ilegais que permitem que ele chegue e exponha a população, mesmo diante de tantas informações para desencorajar o seu uso.                                                                                                                                                                                                              Fumar e comprar cigarros e similares são práticas proibidas para menores de 18 anos. Fumar em lugares fechados também é proibido. O desafio, a transgressão estaria na reivindicação da liberdade individual. Do direito a fazer as próprias escolhas. Esse é um debate complexo, que envolve o prejuízo coletivo com as despesas com a saúde pública, o financiamento clandestino para burlar a lei e a vigilância e o preço pago mais tarde na vida pelo vício e dependência ao tabaco.”

Eduardo Rocha observa que os olhos também sofrem com os efeitos do cigarro eletrônico. “Além dos problemas de coração, respiratórios e de inflamação crônica causada pelo tabaco e exacerbada no cigarro eletrônico, um estudo recente de agosto de 2023 mostrou que o cigarro eletrônico entre jovens nos Estados Unidos está associado a problemas oculares. O tabaco, por si só, aumenta o risco de catarata, uveíte, degeneração da mácula e pode dar problemas irreversíveis no nervo óptico. Sendo, portanto, um risco para a visão com o envelhecimento, uma escolha ruim para se fazer na juventude se se pensar na qualidade de vida quando a idade chegar.

Esse estudo, feito com mais de 4 mil jovens entre 13 e 24 anos em 2020 e publicado agora por Anne Nguyen e colaboradores das universidades Mcgill e Stanford no periódico Jama Ophthalmology, revelou que 64% dos usuários são mulheres, a idade média é de 19 anos e que, comparando a não usuários, quem fuma vape tem um risco aumentado de dor, sensação de secura nos olhos e de embaçamento visual. E que alguns sintomas são piores com o uso de cigarro combinado com vape e o incômodo é pior nos primeiros sete dias. Boa hora para ver que é ruim e largar esse hábito antes que ele te deixe confortável e te pegue de vez.                                                                                                                                 

Cigarro eletrônico não é um hábito saudável e seu uso deve ser desencorajado. Entendo que a Anvisa tem ótimos motivos para manter a proibição. Porém, cada vez mais consumido entre jovens, a liberação para maiores de 18 anos, com intensa campanha alertando para os problemas de saúde, permite o debate e o combate mais claro e aberto na sociedade.”


Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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