Na coluna desta semana, o professor José Carlos Farah explica se a prática de atividade física ajuda a diminuir o crescimento da taxa de suicídio que, de acordo com a OMS, vem crescendo em 17% na região das Américas.
Segundo o professor, a ideação ou a ideia do suicídio é um problema complexo e multifatorial, que é influenciada por fatores psicológicos, biológicos, sociais e culturais. Ele explica que falar sobre suicídio é muito difícil, pouco se comenta, mas as taxas aumentam bastante. Segundo a OMS, em 2015, de um total de 172 países membros, em 112 se encontram 78% dos suicídios registrados no mundo. É um problema muito sério.
Farah afirma também que entre jovens de 15 a 29 anos o suicídio aparece como a quarta causa de morte mais recorrente, atrás de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. “Na USP aconteceram alguns casos recentemente que sempre nos chocam, principalmente por serem pessoas novas e estarem no começo da vida acadêmica. Segundo profissionais da área, a ideação do suicídio entre universitários está relacionada ao isolamento, a situações de humilhação, à dificuldade de aceitação, às incertezas do futuro profissional, às cobranças e à percepção de não conseguir cumpri-las, entre outras.”
O que é muito animador, ressalta Farah, é uma pesquisa divulgada no Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry em que foram cruzados os dados de mais de 13.500 jovens adolescentes e a prática da atividade física (AF) regular. Os pesquisadores notaram que a frequência da prática de exercícios era inversamente proporcional aos relatos de tristeza e desejo de se matar entre as vítimas de bullying, por exemplo. A prática da AF regular reduziu em 23% frequência da ideia e tentativas de suicídio entre adolescentes. Estes dados são importantíssimos e nos levam a crer que a AF é uma aliada poderosa.
Para o professor a atividade física, além de seus benefícios fisiológicos, atua também e na mesma proporção nos aspectos psicológicos, com a liberação de substâncias como a endorfina, a serotonina, a dopamina e a ocitocina, também chamados de Quarteto da Felicidade”, que estão relacionadas ao bem-estar e ajudam na melhora do humor, redução do estresse, melhora da autoestima – que é visão positiva de si mesmo -, melhora na relações sociais, diminui a ansiedade e a insônia. São benefícios que se contrapõem à ideação de suicídio. Importante lembrar que a atividade física faz parte de um conjunto de ações que ajudam na prevenção e tratamento da ideação do suicídio. Não podemos esquecer do tratamento terapêutico. Em princípio, qualquer atividade física é benéfica. As atividades como a caminhada, corrida, remo, ciclismo, natação, que necessitam de maior volume de oxigênio, são indicadas.
Corpo e Movimento
A coluna Corpo e Movimento, com o professor José Carlos Farah, vai ao ar quinzenalmente terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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