IGc inaugura equipamento para estudo de datação de rochas

Equipamento é capaz de fazer datações pontuais em um único cristal de determinado mineral, além de obter a idade de processos geológicos de forma mais rápida e precisa do que a tecnologia disponível.

 29/11/2010 - Publicado há 14 anos
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O edifício do Laboratório de Geocronologia, que ganhou mais 600 m² de área construída

O Instituto de Geociências (IGc) inaugurou, no dia 26 de novembro, uma microssonda iônica de alta resolução, equipamento capaz de fazer datações pontuais em um único cristal de determinado mineral, além de obter a idade de processos geológicos de forma mais rápida e precisa do que a tecnologia disponível.  Conhecida como Shrimp (abreviatura de Sensitive High Resolution Ion Micro Probe), a microssonda está instalada no Laboratório de Geocronologia do Instituto, que ganhou mais 600 metros quadrados de área construída. A cerimônia de inauguração contou com a participação do reitor João Grandino Rodas.

Atualmente, as pesquisas no país em geocronologia (estudo da idade de rochas e eventos geológicos) e geologia de isótopos (utilizado, por exemplo, em estudos de procedência de sedimentos) dependem de processos demorados em laboratórios superlimpos, onde são feitas a dissolução química de grãos de minerais, rochas ou de material sedimentar e a conseqüente análise da composição de isótopos. Quando se pretende fazer datações de fases individuais de crescimento dos cristais, a opção é mandar o material para análise em outros países, o que torna o processo mais lento e oneroso. Só existem 14 equipamentos no mundo como esse da USP, que é o primeiro na América Latina.

A microssonda consegue analisar uma grande quantidade de zircões, minerais depositados em bacias sedimentares, e, assim, elucidar a história de sua formação e suas características. Isso auxilia na avaliação do potencial das reservas de petróleo nestas bacias. Também tem aplicação em datações de vários tipos de rochas, o que permitirá a elaboração de mapas geológicos mais precisos, em menor período de tempo.

Na compra do novo equipamento, a Petrobras, via ANP e Rede Geochronos, investiu cerca de US$ 1,5 milhão e a Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), cerca de US$ 1,5 milhão. Na ampliação do espaço físico do laboratório, a Petrobras investiu R$ 848.329,14, a USP investiu R$ 1.670.000,00 e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) investiu R$ 510.000,00.

Emoção

(da esq.p/dir) O diretor do IGc, Colombo Celso Gaeta Tassinari e o reitor João Grandino Rodas ouvem explicações do pesquisador Kei Sato sobre as atividades da microssonda iônica

Ao iniciar seu discurso, o diretor do IGc, Colombo Celso Gaeta Tassinari, afirmou que as duas inaugurações representavam um momento histórico para o Instituto. “O laboratório “foi construído com muitas dificuldades operacionais, que conseguimos suplantar”, afirmou. Sobre o novo equipamento, Tassinari destacou tratar-se de “um marco científico na história da geologia brasileira, pois foi um divisor de águas na área de geociências”.  Ao finalizar, bastante emocionado, agradeceu à equipe do Instituto pelo empenho para que a dupla inauguração se concretizasse.

O gerente geral de Pesquisa e Desenvolvimento de Exploração da Petrobras, Edison José Milani, disse que a empresa está “colhendo frutos de uma política de governo de investimentos nas universidades. O desafio é o por fazer, que é permanente”. Segundo ele, a USP é um grande núcleo de competência dessa área no país, desenvolvida ao longo de décadas.

“A Universidade só se faz a muitas mãos, como uma orquestra”, comparou o reitor João Grandino Rodas, ao enfatizar os investimentos feitos pela Petrobras, Finep e Fapesp no novo espaço e na nova microssonda. Em seguida, o reitor e o diretor do IGc descerraram a fita e as placas de inauguração e fizeram uma visita ao laboratório.

(Fotos: Ernani Coimbra)


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