“Brasil tem potencial para se tornar um ícone internacional importante na aquicultura marinha”

A afirmação é de Fanly Fungyi Chow Ho, para quem desenvolvimento científico e tecnológico pode possibilitar maior lucro com menos danos ambientais

 26/11/2021 - Publicado há 2 anos
Os seres mais cultivados são os moluscos, como vieiras, mexilhões e ostras, mas também há um cultivo relevante de peixes, algas marinhas e camarões – Foto: Divulgação/Columbia University Medical Center
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A aquicultura é a área que estuda possibilidades de utilização do meio aquático para o cultivo de organismos, especialmente para a comercialização.

Fanly Fungyi Chow Ho, professora do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia (IB) da Universidade de São Paulo e pesquisadora do Laboratório de Algas Marinhas da faculdade, disse para o Jornal da USP no Ar 1ª Edição que “o Brasil tem um potencial muito grande para se tornar um ícone importante internacionalmente nessa aquicultura marinha”.

A aquicultura é vista como uma fonte alternativa a outras formas de extração de recursos naturais. “Os estoques naturais têm sido explorados de forma intensiva e a aquicultura vem a compensar um pouco essa produção nacional e internacional”, comenta a pesquisadora, que aponta a existência de uma busca por um novo mercado de “fazendas marinhas”, análogas à agricultura terrestre.

No Brasil, há uma atividade significativa de aquicultura em água doce e uma atividade alternativa e complementar em água marinha, chamada maricultura. A aquicultura nacional abastece principalmente setores alimentícios, mas também fornece recursos para indústrias farmacêuticas e de cosméticos, entre outras. Os seres mais cultivados são os moluscos, como vieiras, mexilhões e ostras, mas também há um cultivo relevante de peixes, algas marinhas e camarões.

Segundo Fanly, a atividade é regulada e existe fiscalização das áreas onde há produção por pescadores e associações. No entanto, falta apoio aos produtores, que têm auxílio reduzido para financiamentos e solicitação de crédito, por exemplo. Para ela, são necessárias políticas públicas e um maior incentivo à atividade, possibilitando que alcance uma escala maior.

A pesquisadora destaca uma missão importante: a da sustentabilidade, que “não pode ser desvinculada de um conhecimento científico e da utilização de tecnologias”, conta. O desenvolvimento tecnológico e científico permite estratégias que otimizam a produção e aumentam a sustentabilidade, através de conhecimentos como saber as melhores épocas de colheita e saber selecionar organismos mais resistentes às condições ambientais, como as mudanças climáticas, por exemplo.

Outra possibilidade importante que o conhecimento científico abre é a da produção integrada, na qual acontece o cultivo, na mesma área, de diferentes organismos que se complementam dentro da cadeia alimentar. Um exemplo é uma produção envolvendo peixes, moluscos e algas, em que alguns moluscos, como os bivalves, são capazes de utilizar excretas de peixes em sua alimentação e as algas, por sua vez, são capazes de consumir excretas desses moluscos, diminuindo a contaminação da água. Também é possível utilizar os recursos desses seres para a produção de biomassa, que pode ser comercializada.


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