* Adriano D. Andricopulo, Hellmut Eckert e Luiz Nunes de Oliveira, professores do Instituto de Física de São Carlos da USP; Alexander Henning Ulrich, Aline Maria da Silva, Ana Maria da Costa Ferreira, Denise F. S. Petri, Ohara Augusto, Pio Colepicolo Neto, Roberto M. Torresi, Suely Lopes Gomes e Susana Inés Córdoba de Torresi, professores do Instituto de Química da USP; Ana Campa, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP; Dario Simões Zamboni, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; Julio M. Stern e Marcelo Finger, professores do Instituto de Matemática e Estatística da USP; Luis Eduardo Soares Netto, professor do Instituto de Biociências da USP; Marcos Nogueira Martins e Nestor Caticha, professores do Instituto de Física da USP, e Maria Lucia Carneiro Vieira, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
A lista de equívocos na forma de realizar uma avaliação ampla como essa é extensa e sua exposição detalhada seria excessiva para esse espaço. Um singelo exemplo foi a exigência de combinar, em lista ordenada única, pedidos de promoção a diferentes níveis da carreira, sinalizando a prevalência de aspectos gerenciais sobre análises de mérito acadêmico. Numa universidade, aspectos gerenciais deveriam ser otimizados para garantir a primazia dos valores embutidos em nossas atividades-fim: docência, pesquisa e extensão.
Ademais, cada departamento deveria preparar a lista ordenada de seus docentes-candidatos à progressão para, em seguida, a unidade usar o material para consolidar lista ordenada única. Como as avaliações nos departamentos foram feitas de modo independente, sem comparações com docentes de outros departamentos, seus ordenamentos eram de pouca valia para o ordenamento final da unidade.
Durante meses, dezenas de docentes da USP e externos à USP participaram das diversas comissões de avaliação (dos departamentos e das unidades), produzindo pareceres e relatórios para justificar o ordenamento dos candidatos selecionados. O sistema eletrônico usado (Avaldoc) ainda apresentou diversos problemas, que só foram sanados após reclamações de avaliadores, incluindo não dar acesso a informações relevantes e não salvar pareceres corretamente.
A USP, apesar de contar com previsão de avaliação quinquenal de todos seus docentes em seu estatuto desde o início da década de 1990, não tem o hábito de fazê-lo. Os processos de progressão horizontal anteriores não envolveram disputa, ordenamento ou priorização entre docentes. Num cenário de recursos financeiros finitos e escassos, a necessidade de priorização seria compreensível, porém já deveríamos antecipar os ressentimentos que causaria entre colegas de departamento e de unidade. Nossa universidade não tem essa cultura, especialmente em processos nessa escala, que é diferente da realização de concursos públicos, com sessões de arguição, aos quais estamos mais acostumados.
Pois o resultado final do processo, divulgado em ofícios da CAD e do presidente da Comissão Plenária (CP) da Comissão Permanente de Avaliação (CPA), prof. dr. Antonio Carlos Hernandes, datados de 10 de setembro, indica que boa parte do extenso, exaustivo e desgastante trabalho de avaliadores internos e externos era dispensável.
A CAD nos informou que ratificou 1.331 recomendações de progressão das unidades e não ratificou apenas 11, que não preenchiam critérios de elegibilidade do edital. Também informou que 98 pedidos de progressão do nível Associado 1 para Associado 3 não foram ratificados pois a progressão havia sido solicitada para Associado 2, o que foi aprovado (não está claro se esses 98 casos se somam aos 377 indicados pelas unidades na fase 2 ou se compõem esse número). Finalmente, a CAD informa que não deliberou sobre os 623 pedidos de progressão de Associado 1 para Associado 3 indicados pelas unidades na fase 2. Considerando que apenas 11 docentes não tiveram progressão recomendada, em aproximadamente 2000 pedidos de progressão, deveríamos concluir que o desempenho de nossos docentes foi excelente e as avaliações realizadas nas unidades foram consideradas muito criteriosas pela CAD.
Porém, no ofício assinado pelo prof. Hernandes, aprendemos que, de 623 pedidos de progressão direta de Associado 1 para Associado 3, não havia sequer um que satisfizesse os critérios de excepcionalidade estabelecidos no artigo 14, inciso XII, da Resolução 7272, de 23/11/2016. Com base no trabalho e pareceres detalhados dos vários avaliadores, internos e externos, as unidades foram incapazes de avaliar minimamente a existência de docentes com desempenho excepcional, apesar de avaliarem extraordinariamente bem relatórios que justificassem a progressão de apenas um nível horizontal?
Como avaliadores nas fases 1 e/ou 2 do processo de progressão horizontal, o resultado final indica que dispendemos muito tempo e energia em vão. O estabelecimento de listas ordenadas mostrou-se desnecessário pois a (quase) totalidade das progressões recomendadas de um único nível foram referendadas. Para esse processo, a avaliação poderia se resumir a uma única fase para determinar se a pessoa satisfaz ou não as exigências do perfil imediatamente acima do atual. O conflito e o antagonismo, pessoal e institucional, causados pelo ordenamento e a atribuição de prioridade a alguns colegas em detrimento de outros mostraram-se descabidos e totalmente desnecessários. O trabalho criterioso de determinar aquelas pessoas que faziam jus à progressão direta de Associado 1 para Associado 3 foi inútil, pois desconhecíamos a vedação predeterminada a esse tipo de progressão.
Sentimo-nos desrespeitados pelo tempo desperdiçado e pelo desgaste de discussões com colegas avaliadores na difícil tarefa de comparar desempenhos de colegas docentes, considerando as múltiplas dimensões e méritos de suas atividades. Não desmerecemos a progressão alcançada por colegas, pelo contrário, congratulamos todas as pessoas que obtiveram merecidas promoções. Mas não podemos congratular a CPA por um processo de progressão mal planejado, malconduzido e mal executado.