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De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial com idade superior a 65 anos é acometida pelo mal de Parkinson. No Brasil, estima-se que há 200 mil pessoas com a doença. Ainda sem cura e sem algum fator específico que a desencadeie, a doença neurodegenerativa atinge todos os grupos étnicos e afeta tanto os países desenvolvidos quanto os não desenvolvidos, com maior incidência na população idosa, segundo informações do Ministério da Saúde
O mal de Parkinson é causado pela deterioração dos neurônios que produzem a dopamina na substância negra do cérebro. Dentre os problemas desencadeados por essa perda dopaminérgica está o controle dos movimentos. Por causa disso, os parkinsonianos costumam apresentar lentidão, déficit de equilíbrio e tremores ― o mais conhecido dos sintomas da doença.
Segundo Tatiana Beline de Freitas, fisioterapeuta e mestranda em Biodinâmica do Movimento Humano na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, quando os primeiros sintomas começam a aparecer, a pessoa deve procurar imediatamente ajuda médica, já que à essa altura, mais de 80% da substância negra já está comprometida. Apesar disso, a pesquisadora aponta que o Parkinson, diferentemente de outras doenças degenerativas, tem avanços lentos e há pessoas que vivem mais de 20 anos com a doença.
Tatiana, com a orientação da professora Camila Torriani-Pasin da EEFE e parceria do professor José Eduardo Pompeu, da Faculdade de Medicina (FM) da USP, e da professora Flávia Doná, da Universidade Anhanguera, apresentou o trabalho Viabilidade, segurança e efetividade de uma intervenção em grupo na Doença de Parkinson no Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional (Cobrafin), no início de setembro. O estudo ― premiado no Congresso ― teve como principal intenção verificar a viabilidade e a segurança da prescrição de exercícios físicos a parkinsonianos. Para isso, a equipe selecionou dez pessoas com a doença e aplicou um programa de 14 aulas, baseadas em um guia europeu que estabelece diretrizes para a prática de exercícios físicos a pessoas com Parkinson.
Antes, logo após e um mês depois do estudo, os pesquisadores aplicaram nos voluntários questionários que avaliam quesitos relacionados ao mal de Parkinson, como equilíbrio (Mini Balance Evaluation Systems Test – MiniBESTest), qualidade de vida (Parkinson’s Disease Questionnaire – PDQ-39) e cognição (Montreal Cognitive Assessment – MoCA). O resultado foi que, além de ser seguro e apresentar viabilidade e boa aderência, todos os alunos apresentaram melhora nos três quesitos. Apesar do indicativo de que o programa é benéfico para a pessoa com Parkinson, o pequeno grupo de pacientes que participou da primeira etapa não é suficiente para atestar a eficiência do programa.
Para verificar essa efetividade, o projeto teve continuidade e ampliou-se, juntando pesquisa e extensão em torno de si. Com a coordenação da professora Camila, mais de 20 alunos com Parkinson estão realizando os exercícios físicos estabelecidos no programa apresentado no Cobrafin. Além de contribuírem para um novo e mais amplo estudo clínico, os parkinsonianos estão inseridos em um curso comunitário que não será descontinuado após a efetivação da pesquisa ― que deve ocorrer em meados do próximo ano.
As pessoas com Parkinson que desejarem participar do curso de extensão devem procurar a secretaria de Cultura e Extensão da Escola de Educação Física e Esporte da USP. Ele ocorre às quartas e sextas, das 9 às 10 horas, no Laboratório de Comportamento Motor, que localiza-se no bloco D da EEFE, na Av. Professor Mello Moraes, 65.
Ouça a entrevista de Tatiana Beline de Freitas ao repórter Rafael Oliveira para a Rádio USP
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