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O problema seria bem menor se se tratasse apenas de haver pessoas contraditórias: todos nós carregamos ambivalências. A questão é que alguns seres, embalados pelo ressentimento e pela violência, persistem em reverberar as bravatas do desgoverno, embrulhados na bandeira republicana (embora as cores remetam ao Império) e a reverberar os argumentos mais inconsistentes. Onde estão os paladinos da ética, que dizem zelar contra a corrupção? Onde estão os ferrenhos justiceiros que combatem nepotismos? Estão todos calados, ao sabor das conveniências.
O circo de horrores do Sete de Setembro começou no Distrito Federal. Afora a invasão da Esplanada, um ex-piloto de corridas conduzia a marcha fúnebre num Rolls-Royce, meses após ter “concedido” uma entrevista-de-encomenda à TV Brasil (canal oficial do desgoverno), em que foi bajulado pelos três “entrevistadores”. Prestar-se a esse papel pode revelar muitas coisas, a começar pelo desmedido grau de cinismo dos que confundem nacionalismo com egoísmo. Os mesmos que passaram a vida fora do país (e a falar mal dele) posam de condutores do ato cívico. Como se vê, há variados graus de hipocrisia, a depender do grau de recompensa.
Surpresa com o rumo das coisas na neocolônia?
Em parte, não: o que esperar de um sujeito que está na vida pública há mais de 30 anos e sempre votou contra as pautas sociais, culturais, educacionais etc.? O que esperar de um sujeito que em vez de promover a concórdia e harmonizar o povo (que chama de “seu”) promove e agencia todas as formas do caos; e que só “governa” em função de MPs?
Em parte, sim: é assustador constatar o persistente grau de alienação e oportunismo dos “seguidores”, num território em que faltam oportunidades para a maioria dos seus habitantes. Evidentemente, o problema nunca esteve no método de ensino; mas na suposição de que é possível produzir discursos neutros, isentos de convenções e artifícios – como pretendem certos grupos financiados por megaempresários e um setor considerável dos veículos de informação.
Como sou destes que podem almoçar, em instantes farei a refeição e seguirei para o Anhangabaú. E como tive a oportunidade de estudar em um bom colégio e numa excelente universidade, aprendi, com ótimos professores e livros, que o nacionalismo de cá nasceu de um projeto (para bem poucos) consolidado durante o Segundo Império. Não se confunda trajetória pessoal com destino de um povo. Isso é coisa para megalomaníacos.