Mesmo com a melhora da economia, desemprego deve continuar em alta em 2022

As pessoas que estavam fora do mercado de trabalho começaram a procurar emprego com a melhora da economia, mas as vagas ainda são insuficientes, com isso a taxa de desemprego pode aumentar”, diz o professor Luciano Nakabashi

 04/08/2021 - Publicado há 3 anos

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A taxa de desemprego no Brasil continua alta e esse é o tema da coluna Reflexão Econômica desta semana. Atualmente, 14,6% de pessoas declararam estar desocupadas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o segundo índice mais alto da história, muito próximo dos semestres anteriores que bateram em 14,7%.

Segundo o professor Luciano Nakabashi, o desemprego não cede, pois a destruição de vagas no início da pandemia foi muito grande. “Se todas as pessoas que perderam o emprego continuassem procurando essa taxa estaria em torno de 20%, uma vez que muita gente deixou de procurar uma ocupação em 2020, ou pela pandemia ou pelo auxílio emergencial que ajudou a mantê-las em casa. Quando o mercado de trabalho está muito ruim as pessoas deixam de procurar, mesmo querendo trabalhar.”

No momento atual estamos tendo uma recuperação da economia, com isso há a geração de vagas, e as pessoas que estavam fora do mercado de trabalho começaram a procurar emprego. “Com isso a taxa de desemprego pode aumentar”, diz Nakabashi. Com a economia e o mercado de trabalho ainda ruins, o que já acontecia antes da pandemia, as pessoas não percebem a retomada econômica, o que é confirmado por pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Sobre a confiabilidade das pesquisas do número de desempregados, o professor lembra que as metodologias do IBGE e do Caged são diferentes. Pelos dados do Caged o Brasil criou 1,5 milhão de empregos no primeiro semestre de 2021, já para o IBGE, cujas pesquisas são por amostragem, a recuperação que vem ocorrendo é muito mais por trabalhadores informais. “Tem alguma inconsistência que pode ser por mudança de metodologia que ocorreu no Caged e também pela coleta de dados do IBGE, que passou de presencial para o telefone, em função da pandemia. Mas Nakabashi aleta que a amostragem do IBGE é feita de forma muito parecida em países desenvolvidos, além disso, o IBGE tem toda a credibilidade e o conhecimento construídos ao longo dos anos, mesmo com viés, para mais ou para menos, que é natural em pesquisas feitas por amostragem.

“O fato é que o desemprego está muito alto no Brasil e foi gerado também pela pandemia. Já a recuperação deste ano vai gerar um pequeno crescimento positivo nesses dois anos, 2021 e 2022, mas insuficiente para gerar as vagas necessárias e a recuperação da economia. O desemprego deve continuar alto em 2021 e provavelmente em 2022, mesmo com a recuperação da economia, o que já era esperado pelos analistas, ou seja, o IBGE reflete muito bem o cenário atual do Brasil.”


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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