
No mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou a estimativa de 6% no crescimento global da economia para 2021. A projeção é a mesma de abril deste ano. Segundo a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, a recuperação econômica e o fim da pandemia estão longe de se resolver em 2022, a menos que a vacinação contra a covid-19 acelere. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1° Edição, o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, Roy Martelanc, revela que alguns setores ainda enfrentam muitas dificuldade econômicas enquanto outros estão “felizes” economicamente.
“O dinheiro que não é gasto com uma coisa é gasto com outra”, explica Martelanc ao citar o crescimento dos setores de material de construção no começo da pandemia. Ainda nessa explicação, o
professor também ressalta a emissão de 12% do PIB pelo governo. “Se você dá R$ 600 na mão de quem não tem nenhuma fonte de renda e está na base do consumo, ele gasta. Esse dinheiro se acumula em quem tem mais dinheiro”, ressalta. Em resumo da análise, Martelanc avalia que a retomada econômica já é uma realidade em alguns setores, mas que a redução de renda é significativa para a população, que passa a consumir o básico.
Para o professor, a retomada depende do dinheiro que está em circulação e do hábito de consumo da população quando estiver devidamente vacinada. “Supostamente as pessoas vão perder o medo de ir para a rua e haverá o incentivo ao consumo”, explica. Então, de acordo com Martelanc, o retorno do consumo efetivo dos setores de turismo, eventos, restaurantes, por exemplo, só será possível a partir da vacinação. Para ele, a comparação do ritmo de vacinação do Brasil com países de primeiro mundo não é efetiva porque o País ficará naturalmente atrás deles. “Então, tem que comparar o Brasil com países de renda média. E quando essa comparação é feita, percebe-se que não estamos atrasados, pelo menos em termos de primeira vacinação. O País até que está adiantado em relação ao nível de renda que tem”, destaca.
Por fim, Martelanc destaca que a questão principal não é a média do crescimento econômico, mas sim a distribuição dele pela geografia do país e pelos setores. “É por isso que tem, ao mesmo tempo, poucas pessoas que estão felizes e ganhando dinheiro e muitas pessoas que não estão.”
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