Os desafios impostos pela pandemia aproximaram a sociedade da ciência

Para o imunologista e pesquisador Gustavo Cabral de Miranda, a pandemia demonstrou as dificuldades encaradas pelos pesquisadores e gerou aproximação com a população benéfica para a academia e a sociedade

 03/08/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 13/08/2021 as 13:27
O Brasil possui hoje uma capacidade de produção científica muito grande, mas essa instabilidade impede a criação e o desenvolvimento de novos conhecimentos – Foto: Divulgação/Johns Hopkins University

 

A pandemia de covid-19 impôs um cenário de dificuldades para os pesquisadores no mundo inteiro. Diante do novo cenário mundial, que desafiou a comunidade científica internacional, criou avanços nas pesquisas. Ao mesmo tempo, esses desafios criaram uma nova visão da ciência aos olhos da sociedade que teve acesso à realidade da produção científica. 

“Receber o desafio de uma pandemia nunca é fácil, porque está expondo vidas, e quando expõe vidas em risco é sempre uma questão muito forte para a gente”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o imunologista Gustavo Cabral de Miranda, desenvolvedor de vacinas, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e Pós-Doutor pela Universidade de Oxford. Segundo ele, a pandemia demonstrou a necessidade de vigilância constante a eventuais situações que apresentem risco para a sociedade, assim como criou uma aproximação entre o mundo científico e social. 

Entre os desafios impostos pela pandemia a pesquisadores, Miranda destaca a necessidade de direcionar esforços de forma quase exclusiva para o combate à covid-19 como exemplo. “Não tinha outra opção, tem que conectar, tem que desenvolver formas de adaptar sem perder o que nós já tínhamos feito e seguir em frente, porque a pandemia está aí”, coloca o pesquisador. Devido à necessidade de uma resposta rápida dos setores científicos para evitar uma maior perda de vidas, a comunidade científica teve de redirecionar seus esforços para a criação e compartilhamento para combater a covid-19.

Entre os desafios, a instabilidade de investimentos na produção científica é um dos principais. “A ciência, no geral, não dá resposta imediata, mas, quando responde, o resultado é contínuo”, diz Miranda. De acordo com ele, devido à utilidade do produto das pesquisas científicas não ser imediato, a área tende a sofrer com cortes de verba que atrapalham no desenvolvimento das pesquisas. O Brasil possui hoje uma capacidade de produção científica muito grande, mas essa instabilidade impede a criação e o desenvolvimento de novos conhecimentos. 

Para o especialista, o principal desafio para o futuro da produção científica é manter a sociedade com os olhos abertos para a ciência. A pandemia aproximou a esfera acadêmica e social de forma nunca antes vista, o que ajudou na campanha de vacinação, por exemplo, mas é necessário que se mantenha essa proximidade. Por isso é importante manter o contato com a sociedade para que essa credibilidade não seja perdida e impeça que, no futuro, outros avanços possam ser alcançados. “Não adianta a gente imaginar a ciência sem a conexão com a sociedade”, conclui o pesquisador.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.