Apesar do aumento do consumo, políticas de racionamento elétrico são improváveis

Para o professor Pedro Luiz Côrtes, apesar da situação crítica dos reservatórios, não há indicativos de que o consumo passe por uma redução significativa, apesar da elevação da tarifa

 23/07/2021 - Publicado há 3 anos
Com a situação dos reservatórios piorando ao longo do segundo semestre e o consumo de energia aumentando devido à retomada da economia, mais termelétricas entrarão em operação e esse custo vai ser repassado ao consumidor – Foto: Caio Coronel/Itaipu Binacional via Fotos Públicas

Nas últimas semanas, com o agravamento da crise hídrica na Bacia do Paraná, ainda persistem as dúvidas sobre um racionamento ou um novo aumento da tarifa de energia elétrica. Com o aumento do valor da bandeira vermelha ao patamar dois, o governo busca reduzir o consumo e obter recursos para bancar a geração termelétrica, que tem custo operacional maior. No entanto, existe algum indício de medidas para incentivar a redução ou racionamento no horizonte?

“Não há indicativos de que o consumo passe por uma redução significativa, apesar da elevação da tarifa”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. Segundo ele, com o avanço da vacinação, a retomada de diversas atividades vem ganhando fôlego, como bares e restaurantes, aumentando o consumo. Essa reativação da atividade econômica causa uma grande preocupação devido à situação dos reservatórios. 

De acordo com os parâmetros utilizados para medir a “saúde” dos reservatórios, há uma tendência de redução do volume afluente, ou seja, a tendência de redução da água nova que chega aos reservatórios. Não se trata de uma novidade, isso é acompanhado ao longo dos últimos oito anos, pelo menos, como resultado da diminuição das chuvas que vêm da Amazônia. Isso tem afetado reservatórios importantes, assim como a toda a Bacia do Paraná, região onde se encontram importantes usinas hidrelétricas do País. 

Apesar desse cenário, Côrtes não vê um plano de contingência em um futuro próximo. Para ele, o racionamento é um termo que possui um estigma negativo em torno dele, especialmente em um período pré-eleitoral ou eleitoral. Com a situação dos reservatórios piorando ao longo do segundo semestre e o consumo de energia aumentando devido à retomada da economia, mais termelétricas entrarão em operação e esse custo vai ser repassado ao consumidor. “Nós podemos ter, em princípio, um aumento da tarifa de energia elétrica”, diz o professor.


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