Cátedra de Educação Básica da USP oferece cursos gratuitos em 2021

Professor Muniz Sodré fará conferência de abertura das atividades nesta segunda-feira, dia 22, às 17 horas

 18/02/2021 - Publicado há 3 anos
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O Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Muniz Sodré, que fará a conferência Educar Para o Sensível, no dia 22, às 17 horas, abrindo as atividades da Cátedra de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP – Foto: Dan Figliuolo/UFBA via IEA

 

 

 

Na próxima segunda-feira, dia 22, a partir das 17 horas, a Cátedra de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP lança sua programação de minicursos para 2021. O evento, com transmissão gratuita pela internet, contará com uma conferência do Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da Biblioteca Nacional Muniz Sodré.

Os minicursos – que começaram a ser oferecidos pela cátedra em 2020 – são voltados para professores do ensino básico, estudantes de licenciatura, pesquisadores e demais interessados no tema. Em 2021 o foco das atividades será nas práticas e didáticas. Todos os cursos são virtuais e gratuitos, com transmissão pelo canal da Cátedra de Educação Básica no Youtube.

“O objetivo da Cátedra de Educação Básica do IEA é subsidiar estratégias, experimentos e modelos de educação integral transformadora no campo educacional”, comenta o titular da cátedra, Naomar de Almeida Filho, médico, professor de Epidemiologia do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ex-reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

“Os fundadores da cátedra, professores Nilson Machado, Lino de Macedo e Luis Carlos de Menezes, com a participação de Bernardete Gatti, em 2019, estabeleceram um plano de trabalho”, explica Almeida Filho. “Minha contribuição nesse debate foi como organizar o esforço de sistematizar e integrar conhecimento científico, saberes técnicos, saberes práticos, saberes poéticos e saberes docentes. Terminamos convergindo para quatro grandes focos temáticos: Fundamentos e Conteúdos, Práticas e Didáticas, Espaços e Políticas, Sujeitos e Sentidos.”

De acordo com o catedrático, em 2020 a programação teve como eixo os Fundamentos e Conteúdos da educação. “Este ano, ou melhor, nesta semana, vamos abordar Práticas e Didáticas. Isso quer dizer aprofundar o estudo das relações entre teoria e prática, a articulação entre meios e finalidades da educação, exploração de pedagogias, metodologias e tecnologias capazes de instrumentalizar a ação docente com qualidade-equidade.”

A questão da tecnologia na educação também faz parte das preocupações da cátedra, segundo Almeida Filho, sobretudo em virtude da entrada da professora da Escola Politécnica Roseli Lopes como coordenadora geral da cátedra e do contexto da pandemia. “Mas outros temas também terão destaque e vão ser assunto de cursos de extensão, como os conceitos de competências e habilidades, a problemática da alfabetização. Teremos também foros e seminários sobre as desigualdades extremas, o racismo, a necropolítica na educação. Enfim, as mazelas da tão sofrida história desta nossa sociedade patriarcal e colonizada.”

Os encontros acontecerão às terças e quintas, das 19h às 21h30, sendo um curso por dia. As ementas para o primeiro semestre, com os conteúdos abordados e os professores responsáveis, podem ser acessadas neste link. Os minicursos são independentes uns dos outros e não será preciso inscrição para participar. Cada um deles oferecerá atestado de participação.

No dia 23, terça-feira, já acontece o primeiro minicurso, Breve História da Ideia de Competência, ministrado pelo professor da Faculdade de Educação da USP Nilson José Machado. No dia 25, quinta-feira, será a vez do Professor Emérito do Instituto de Psicologia da USP Lino de Macedo, com Competências e Habilidades: Visão Inicial do Enem (1998-2008).

Miniatura italiana retratando uma palestra universitária durante a Idade Média – Foto: Biblioteca municipal de Cambrai

 

O próprio Almeida Filho ministra dois cursos. O primeiro é A Universidade Medieval, em parceria com a professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP Ana Paula Magalhães, que acontece em 11 de março. O outro é Cabanis, Ignorado, programado para 6 de abril, dessa vez em parceria com a professora Mariana Saad.

“Tenho recentemente mudado um pouco minha principal linha de pesquisa, que era integração da universidade na sociedade, para as relações entre história, sociedade e educação”, explica Almeida Filho. “Na cátedra, organizamos um grupo de pesquisa sobre história da educação, contando com Diana Vidal e Ana Paula Magalhães, duas reconhecidas historiadoras da USP, além de outras figuras internacionais, como Rosa Bruno Jofre, Inés Dussel e Mariana Saad. Temos também pós-docs e outros colegas da cátedra. Fizemos no ano passado três minicursos sobre a história da educação, focalizando Humboldt, Dewey e Piaget, conhecidos clássicos da educação. Deu muito certo e então organizamos um curso de extensão, em que se integram os dois minicursos.”

O catedrático faz elogios às especialistas que o acompanharão nos minicursos, tanto a Ana Paula, especialista em história da Idade Média, quanto Mariana. “Mariana é autora da mais importante biografia dessa figura, o Georges Cabanis, de resto pouquíssimo conhecido entre os estudiosos da educação. Não somente no Brasil, mas no mundo que se diz desenvolvido. Só para dar uma ideia, a universidade brasileira pensa que é humboldtiana, mas é profundamente cabanisiana. E nem sabe disso. Basta fazer uma busca no Google.”

A importância de sensibilizar

Durante o evento de lançamento da programação, o professor Muniz Sodré apresentará a conferência Educar para o sensível.

De acordo com Almeida Filho, Sodré é um dos mais importantes pensadores do Brasil, particularmente na área da cultura e das relações entre política e comunicação. “É meu conterrâneo baiano, fez uma carreira brilhante na UFRJ, onde se aposentou como professor titular da Escola de Comunicação, mas continua superativo. Tem uma obra vastíssima, muitos dos seus livros foram traduzidos em várias línguas estrangeiras. O meu preferido é Pensar Nagô, publicado em 2017, na minha opinião destinado a se tornar um clássico do que Boaventura Santos chama de epistemologias do Sul global. Muniz também tem escrito coisas de grande riqueza sobre a educação. Gosto muito do seu livro Reinventando a Educação, publicado em 2012.”

Comentando o tema da conferência, Almeida Filho aplaude a escolha de Sodré. “Sensibilidade é exatamente o que precisamos para superar estes tempos brutos e cruéis. Basta de querer educar para o egoísmo competitivo, para o sucesso a qualquer custo, para a destruição, para o ódio. Um dos primeiros livros de Muniz Sodré tinha como título A Máquina de Narciso e analisava o emburrecimento individualista que a televisão e a publicidade impunham sobre nós. Creio que vamos discutir com nosso querido professor Muniz Sodré como evitar que, sob risco de ser militarizada, padronizada, imediatizada e desvalorizada, a escola (e aí eu incluo também a universidade) se confirme como a nova máquina de fabricar narcisos feios, insensíveis, incultos e violentos”, finaliza o catedrático.

O lançamento do Ciclo de Minicursos da Cátedra de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP acontece na próxima segunda-feira, dia 22, às 17 horas, no canal da cátedra no Youtube. A programação completa do ciclo está disponível neste link

 

 

 

 

 


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