Cultura do fracasso escolar deve ser revertida, diz especialista

Conforme Ocimar Alavarse, o Brasil tem taxas de reprovação escolar que poucos países no mundo têm. Essas reprovações sem critérios muito específicos estão relacionadas ao sucesso e ao fracasso escolar

 18/02/2021 - Publicado há 3 anos

 

A pandemia não criou, mas intensificou a preocupação com a questão da evasão e abandono escolar – Foto: Denise Casatti
Logo da Rádio USP

A Unicef publicou um estudo feito a partir de dados do IBGE, chamado Enfrentamento da cultura do fracasso escolar – Reprovação, abandono e distorção idade-série. Segundo o estudo, “essa é uma história que se repete, ano a ano, no Brasil. Começa com o estudante sendo reprovado a primeira vez. Seguem-se outras reprovações, abandono e tentativas de retorno às aulas. Sem oportunidades de aprender, ele vai ficando cada vez mais para trás, com anos de atraso escolar, até deixar definitivamente a escola, sem concluir a Educação Básica – muitas vezes antes até de ingressar no Ensino Médio”. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional, comenta essa questão.

O professor afirma que a pandemia não criou, mas intensificou a preocupação com a questão da evasão e abandono escolar. “No ano passado, praticamente as escolas não funcionaram. Então, as próprias escolas tiveram suas atividades pedagógicas precarizadas. Então, o que caracterizaria a presença do aluno?”, pergunta. Para ele, somente no fim deste ano de 2021 é que será possível ter noção da situação escolar, já que somente agora algumas escolas conseguiram estabelecer uma organização funcional.

“O Brasil tem taxas de reprovação escolar que poucos países no mundo têm. O País está entre os cinco que mais reprovam. Essas reprovações sem critérios muito específicos acabam sendo a fonte direta da distorção idade-série, mas há outro agravante, relacionado ao sucesso e ao fracasso escolar. Via de regra, o aluno repetente é tratado como se estivesse ingressando pela primeira vez em determinada série e acaba não recebendo um atendimento compatível com seu aprendizado. Isso cria condições subjetivas negativas para o aluno  se engajar no processo”, explica Alavarse.

Como estratégia para enfrentar o problema, Ocimar Alavarse enfatiza que é necessário acreditar que as crianças aprendem a desenvolver cultura de sucesso escolar. Além disso, é preciso melhorar a avaliação da aprendizagem e que os fatores envolvendo as notas sejam mais objetivos. “Isso é uma questão de democracia, inclusive”, finaliza o professor.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.