Como entender esse tempo surreal que o mundo enfrenta

Martin Grossmann propõe uma reflexão sobre a relação entre cultura e democracia

 17/02/2021 - Publicado há 3 anos
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“A sensação que temos é de que o calendário mudou, mas continuamos em 2020. Como sairemos desta, uma vez que, neste momento, temos dificuldade de entender a surrealidade aumentada na qual estamos todos imersos?”, questiona o professor Martin Grossmann em sua coluna Na Cultura, o Centro Está em Toda Parte, na Rádio USP (clique e ouça o player acima). O colunista, que busca referências entre os filósofos, psicanalistas e também no cinema surrealista de Luis Buñuel – cita o filme O anjo exterminador, de 1962 –, propõe uma breve reflexão sobre a ponte entre cultura e democracia que pontua o século 20.

Grossmann comenta a relação das perspectivas filosóficas do marxismo com a teoria e prática psicanalítica que teve início com o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856–1939). Destaca os primórdios da história da filosofia continental europeia, porém, com a participação de médicos psicanalistas que seguiram a teoria freudiana, como o também austríaco Wilhelm Reich (1897–1957) e o francês Jacques Lacan (1901–1981) em diferentes momentos do século 20. “Uma combinação que se consolida com a teoria crítica desenvolvida pela Escola de Frankfurt, com a participação dos filósofos Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse, que trouxeram uma relação bastante profícua entre um pensamento que se relaciona a uma filosofia da liberdade da sociedade, que seria o marxismo, com uma filosofia da liberdade do indivíduo, no caso a teoria de Freud”, comenta o professor.

Essa teoria, segundo analisa Grossmann, teve outros desdobramentos que extravasam os campos da psicanálise e da filosofia, influenciando as manifestações estudantis, a revolução sexual dos anos 60 e o surgimento de novos campos de investigação e ação, como os estudos culturais, que ganharam espaço nas universidades a partir dos anos 80. “Por fim, cabe lembrar do legado pioneiro do psiquiatra e filósofo caribenho, Frantz Omar Fanon, em uma crítica ao colonialismo”, destaca. Grossmann chama a atenção dos ouvintes para os efeitos múltiplos do pensamento de Fanon (1925–1961) na atualidade. E conclui: “Cultura e democracia são inseparáveis”.


Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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