Manaus: professor da Poli treina equipe no uso de respiradores e sente intensidade da crise

Raul Gonzalez conta como foi o treinamento dos profissionais dos hospitais para a inserção da nova tecnologia no tratamento dos pacientes e dá detalhe sobre a utilização dos aparelhos

 22/01/2021 - Publicado há 3 anos
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Foto: Erika Yamamoto

Pesquisadores envolvidos no Projeto Inspire da Escola Politécnica da USP desenvolveram ventiladores pulmonares que podem ser utilizados na UTI e também em lugares remotos, tendo em vista a demanda da pandemia. Os equipamentos têm sido utilizados para enfrentar a crise vivenciada pela cidade de Manaus nos últimos dias. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar Primeira Edição, o professor Raul Gonzalez, do Departamento de Engenharia Mecatrônica da Poli e um dos realizadores do projeto, conta como foi o treinamento dos profissionais dos hospitais para inserção da nova tecnologia no tratamento dos pacientes e detalhes quanto à utilização dos aparelhos. 

O grupo entregou à Marinha 42 equipamentos. Dentre esses, alguns foram distribuídos para dez hospitais em Manaus e já foram utilizados no treinamento e até na ventilação de alguns pacientes. 

O professor Gonzalez esteve nesta semana em Manaus, ministrando os treinamentos para os profissionais, explicando como funcionam os respiradores, e diz que, além disso, junto à sua equipe pôde perceber a intensidade da crise que eles estão vivendo. 

Ele conta que “para ventilar um paciente por 24 horas são necessários entre 12 a 24 profissionais treinados, um número muito grande”. Para atender à demanda dos dez hospitais é necessário, então, o preparo de uma quantidade enorme de pessoas. “Esse é o trabalho que fomos iniciar lá”, diz. 

Os ventiladores foram desenvolvidos pensando em um padrão, no que diz respeito às telas de ajuste, para que não ficassem tão diferentes dos equipamentos que já existem. Segundo o professor, a adaptação dos profissionais tem sido boa aos ajustes. Mas, ainda assim, a tecnologia tem muitas inovações. Em especial a montagem do equipamento, que se diferencia dos demais e requer atenção no treinamento. 

O novo ventilador apresenta algumas vantagens, envolvendo trocas gasosas, em relação às outras tecnologias. “O espaço morto instrumental é muito pequeno no Inspire. Então, acumula muito pouco CO2 dentro do equipamento. Isso é uma vantagem muito clara, porque queremos tirar o CO2 que está no pulmão e encaminhá-lo para a atmosfera”, explica Gonzalez. 

Já há relatos, em casos clínicos, em que o ventilador pulmonar Inspire foi utilizado. “São relatos muito positivos, em que a gasometria, aquela concentração de gases em amostra de sangue, não se distingue da apresentada por outros ventiladores convencionais. O gás carbônico está sendo retirado e o oxigênio está sendo absorvido no sangue”, diz o professor. 

Há ainda o plano de montar mais mil aparelhos. O grupo continua a receber pedidos de hospitais de Manaus e de outras regiões do País e pretende manter a manutenção dos equipamentos que já foram doados. “Nos próximos meses, todos os hospitais terão uma relação estreita com a USP”, enfatiza Raul Gonzalez. 

Desde a aprovação da Anvisa, 120 ventiladores já foram doados para hospitais de todo o Brasil. O professor conta que o número de voluntários vem aumentando e a capacidade de produção deve aumentar. A alternativa é importantíssima, em especial neste momento de emergência, e é um grande exemplo da contribuição da Universidade de São Paulo para toda a sociedade.


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