Acompanhe a entrevista do repórter Fabio Rubira com o técnico em sismologia José Roberto Barbosa, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
Aos poucos, a Itália tenta se refazer da tragédia ocorrida na madrugada de quarta-feira, 24 de agosto, quando um terremoto de magnitude 6.2 na escala Richter devastou a região central do país, atingindo cidades e vilarejos montanhosos. O trabalho de resgate prossegue em meio aos escombros e ruínas das edificações, mas o número de mortos se conta às centenas. A expectativa das autoridades é de que chegue a mais de 300, uma vez que muitos habitantes continuam desaparecidos, sem contar o elevado número de feridos – o último balanço registra um total de 350, quadro que pode mudar ao longo dos próximos dias. O Itamaraty se prontificou a informar que não há registro de brasileiros entre as vítimas.
Os municípios de Amatrice, de 2.000 habitantes; Accumoli, de 700 habitantes, e Norcia, de 4.000 habitantes, sofreram os maiores danos. De acordo com as agências de notícias, o tremor foi sentido por 20 segundos na capital, Roma, e também no Vaticano. Já a rede de televisão Rainews 24, também citada pelas agências noticiosas, informou que o epicentro do tremor foi situado entre as cidades de Perugia e Rieti, a pouco mais de 150 km a nordeste de Roma.
Em entrevista ao repórter Fabio Rubira, o técnico em sismologia José Roberto Barbosa, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, disse que a profundidade do tremor, de 10 km, foi determinante para os danos e as centenas de mortos. Também contribuiu muito para a extensão da tragédia o fato de as construções, por serem muito antigas, estarem mais vulneráveis a eventos com tal potencial de destruição.
Barbosa explica ainda que as características da região favorecem a ocorrência de terremotos mais próximos da superfície e, portanto, sujeitos a causarem grandes estragos, principalmente quando o epicentro ocorre em uma região habitada, como foi o caso aqui. Por outro lado, é muito difícil, diz o técnico do IAG, prever esse tipo de ocorrência, apesar da existência de grandes centros de sismologia espalhados pelo mundo – inclusive no Brasil, que também realiza estudos de monitoramento de tremores para, desse modo, aprofundar os estudos relacionados às características de sua formação geológica, graças às quais nosso país não convive com a possibilidade de um grande terremoto, embora a ocorrência de pequenos abalos não seja um fenômeno raro por aqui.