Os jogos olímpicos, na opinião do colunista Pedro Dallari, foram como um termômetro que serviu para medir o que se avançou em relação à cidadania, assim como para avaliar o que ainda falta para chegar a um nível em que o diferente seja igual em todos os momentos. Um aspecto positivo, aponta ele, foi que a Olimpíada tornou evidente a preocupação com a não discriminação de gênero ou raça, assim como com a inclusão – o que a Paralimpíada, que vem aí, deve ressaltar. Para Dallari, os jogos olímpicos deixaram claro que houve a afirmação da cidadania em um mundo globalizado.
Há um outro lado da moeda, no entanto. “Se é verdade que há o reconhecimento da igualdade e da plenitude dos direitos de todos os indivíduos, os jogos olímpicos acabaram mostrando que a realidade não é bem assim”, afirma Dallari. À igualdade de direitos se opôs uma desigualdade nos fatos, como o resultado das provas evidenciou – de maneira geral, os países com mais condições econômicas se saíram melhor nas disputas esportivas. Em esportes que demandam mais infraestrutura e recursos, como o iatismo, os representantes dos países mais favorecidos tiveram um excelente desempenho, da mesma forma que naqueles esportes que não exigem tanto investimento, como o atletismo, houve um espaço maior para a diversidade.
Ainda na opinião do colunista, que é diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, também ficou evidente que o mundo ainda é muito inóspito, como a participação de uma delegação de refugiados na Olimpíada deixou claro.