Desmatamento amazônico potencializa incêndios no Pantanal

Pedro Luiz Côrtes explica a correlação entre esses dois biomas e alerta para as consequências dessas tragédias ambientais

 31/07/2020 - Publicado há 4 anos
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Muitos biomas brasileiros têm sido degradados em proporções preocupantes, além da região amazônica. O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), comenta no Jornal da USP no Ar sobre os incêndios no Pantanal, que cresceram significativamente este ano, potencializados pelas condições climáticas.

Apesar de serem biomas diferentes, o especialista diz que existe uma forte correlação entre o crescimento desses índices e o desmatamento da Amazônia, pois isso interfere no ciclo das chuvas e resulta em secas que, por sua vez, propiciam mais queimadas. “Quando há desmatamento, deixa de ocorrer essa reposição da umidade na atmosfera, então a água não é reposta em quantidade suficiente para prosseguir a irrigação do restante do sistema hidrográfico. Isso causa uma redução mais intensa no volume de chuvas e por isso o Pantanal enfrenta a maior seca já vista em décadas”, explica.

Além disso, os fenômenos El Niño e La Niña e as consequências de sua “fase neutra”, pela qual o País passa neste momento, também podem influenciar na situação. Com esse cenário climático já não favorável, as queimadas foram potencializadas com o desmatamento. O risco disso é superar o chamado “ponto de equilíbrio” do meio. “Caso isso aconteça, a floresta não teria mais condições de se autossustentar. As oscilações verificadas nas condições climáticas da Amazônia ao longo deste século, ora com chuvas ora com secas muito intensas, pode ser um sinal que o sistema está se aproximando desse limite”, alerta Côrtes.

Dentre as possíveis consequências desse problema, encontra-se a redução dos níveis do Sistema Cantareira, que depende fortemente das chuvas que vêm da Amazônia, segundo o professor. Outra possibilidade é o impacto no nível dos reservatórios de usinas hidrelétricas na região central do País.

Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.


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