Em uma conferência digital, promovida pelo think tank Centre of Study for Financial Innovation, dois renomados jornalistas que exerceram cargos executivos − Lionel Barber, que dirigiu a redação do Financial Times, e Will Lewis, ex-chefe da Dow Jones e The Wall Street Journal − expressaram preocupação com o uso impróprio, como chamaram, das redes sociais por jornalistas, em especial pelo compartilhamento de opiniões pessoais.
Na coluna desta semana, Lins da Silva comenta que a prática pode “aumentar a confusão que o público faz com frequência entre o que é notícia e fato divulgado pelo veículo jornalístico e o que é agenda política do próprio veículo ou dos jornalistas que trabalham nele”. Tal confusão, segundo o colunista, deriva do consumo de informações através de mídias sociais, estratégia adotada por muitos jornais, em que a informação jornalística é consumida através de posts, na maioria das vezes, sem distinção entre reportagem e artigo.
Para Lins da Silva, o jornalismo da atualidade precisa trabalhar com mais distinção entre fato e opinião, a fim de permitir o desempenho do pensamento crítico do público: “No mundo contemporâneo, mais do que nunca, é importante que os fatos, que a verdade factual seja respeitada e seja identificada, inclusive para tentar furar as bolhas que são formadas nas plataformas de mídias sociais em que apenas as pessoas retroalimentam a sua própria opinião e não se exponham a pontos de vista diversos, portanto, não pensam criticamente sobre aquilo que acreditam e radicalizam nas suas posições ideológicas e políticas”.
Ouça no player acima a íntegra da coluna Horizontes do Jornalismo.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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