Desde que o País passou a adotar o isolamento social como enfrentamento da pandemia da covid-19, o Banco Central (BCB) anunciou algumas medidas para diminuir o impacto dos efeitos sobre a economia.
O objetivo é assegurar a liquidez do sistema bancário e o funcionamento do mercado de crédito, garantindo que os recursos estejam à disposição de empresas e pessoas físicas. As medidas anunciadas têm o potencial de ampliar a oferta de crédito em R$ 1,21 trilhão, cerca de 16,7% do PIB.
As informações são do Boletim Crédito de abril de 2020, dos pesquisadores Francielly Almeida e Marcelo Lourenço Filho, coordenados pelo professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.
“O canal do crédito é uma das principais vias para enfrentamento dos efeitos recessivos associados à pandemia da covid-19. As ações adotadas pelo Banco Central brasileiro e autoridades monetárias em diversos países, contemplando a redução de juros e medidas de aporte de maior volume de recursos e ampliação da liquidez visam a contribuir para as empresas reestruturarem seus negócios, arcarem com suas dívidas e custos para preservar empregos e garantir a renda das famílias” explicam os pesquisadores.
Uma das principais decisões foi a redução da exigência de capital das operações de crédito destinadas a pequenas e médias empresas. De modo geral, reduz o custo de empréstimo para empresas de pequeno e médio porte e tem potencial de reestruturar até R$ 228 bilhões em empréstimos.
Outra medida anunciada foi a redução temporária dos depósitos compulsórios junto ao BCB de recursos a prazo. A alíquota caiu de 25% em março para 17% em abril, o que resultará na liberação de R$ 68 bilhões que eram provisionados pelos bancos em depósitos compulsórios.
O BCB decidiu também ampliar suas operações em dólar, tendo como garantias títulos brasileiros, e passou a permitir que mais bancos possam captar recursos via Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), e espera-se um crédito para o setor de R$ 6,3 bilhões.
Já o lastro em letras financeiras tem por objetivo conceder empréstimos às instituições financeiras tendo como garantia as carteiras de crédito das instituições. Segundo o Banco Central, com essa medida estima-se um adicional de R$ 670 bilhões de recursos.
Uma ação focada nos pequenos e médios bancos é o Novo Depósito a Prazo com Garantias Especiais. Em termos práticos, será uma nova modalidade de investimento para pessoas físicas com aporte mínimo de R$ 1 milhão e prazo mínimo de vencimento de um ano e cobertura do Fundo Garantidor de Crédito em R$ 40 milhões. É esperada uma concessão de crédito de R$ 200 bilhões.
O Banco Central também passa a poder realizar empréstimos para as instituições financeiras com lastro em debêntures (títulos privados). Trata-se de uma linha temporária de liquidez com potencial de liberar um montante de R$ 91 bilhões.
Por Leonardo Rezende