A boçalidade dá o tom na era do grotesco

A boçalidade está, por exemplo, na insistência em que se emprega a palavra guerra civil – e não genocídio – para definir o que ocorre atualmente na Síria

 21/02/2020 - Publicado há 4 anos

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A coluna desta semana da professora Marília Fiorillo usa o recente ataque ocorrido numa cidade perto de Frankfurt – perpetrado por um terrorista de extrema-direita e no qual morreram nove pessoas – como pretexto para tratar da “era do grotesco, com seu aroma de delinquência”, na qual impera a boçalidade. Diz a colunista: “Na era do grotesco, não é o ódio, mas a boçalidade que dá o tom”. Como exemplo, cita a carnificina na Síria de Bashar al-Assad, chamada erroneamente de guerra civil, quando se trata pura e simplesmente de genocídio.

“Chega de falar de atentado, quando é feito pela extrema-direita, e reservar a palavra terrorismo só para jihadistas. São ambos terrorismos”, enfatiza. Da mesma forma, falar em discurso de ódio é inexato e quase condescendente. Discursos como os de Trump são apenas brutais. A colunista define ódio como fúria ou rancor, mas esse mesmo sentimento pode ter refinamento e possui uma dimensão trágica. “Boçalidade é ódio mais truculência, ódio mais imbecilidade. Dita ou praticada, ela nasce no berço esplêndido da estupidez. A boçalidade é um atributo da escória.”

Se, na Alemanha, o terrorismo de ultradireita ainda prospera, imagine-se nos países com pouca cultura política e escassa noção de cidadania, provoca Marília, antes de concluir: “A política, como a natureza, não floresce no vácuo. O discurso grotesco só pega porque tem quem goste. Os boçais, não nos enganemos, só nutrem uma plateia que já se tornou permanentemente cativa”.

Acompanhe, pelo link acima, a íntegra da coluna Conflito e Diálogo.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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