Tramas são destaques de exposição no Complexo Brasiliana

Em cartaz até janeiro de 2020, “Tecendo o Tempo” traz obras da artista plástica Maria Villares

 29/11/2019 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 09/12/2019 as 20:49
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Na entrada do prédio da Biblioteca Brasiliana, uma instalação remete a duas grandes teias, uma dentro da outra, formada por tecidos de alta tecnologia, costurados um a um – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

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Nexus
– termo do latim que significa nó, trama ou envolvimento como rede – é o título da série que a artista plástica Maria Villares apresenta na exposição Tecendo o Tempo, que fica em cartaz até 31 de janeiro de 2020 na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP. Com curadoria do professor da USP Luiz Armando Bagolin e de Fabrício Reiner, a mostra reúne 40 obras de dimensões, suportes e técnicas variadas. São tramas tecidas em nylon e polipropileno, aquarelas, objetos, desenhos e colagens em técnica mista que utilizam materiais diversos, como chumbo, aço, PVC, ráfia, papel de arroz e impressões de papel carbono sobre poliéster. “Esta é a terceira exposição de arte contemporânea que ocupa o espaço, dialogando com o acervo histórico da biblioteca”, informa Bagolin.

Logo na entrada do prédio da biblioteca, uma instalação que remete a duas grandes teias, uma dentro da outra, formada por tecidos de alta tecnologia, costurados um a um, convida o público a ir até a exposição, que fica no piso inferior. São 16 quilômetros de tecido, presos a nove metros de altura por cerca de 16 ímãs que suportam 100 quilos cada um. Segundo Bagolin, o site specific foi pensado especialmente para o espaço do vão da biblioteca e segue critérios de segurança a partir de orientações do arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb, que ao lado de Eduardo de Almeida projetou o prédio. Se o público observar com calma, pode ver o reflexo da trama nos livros do acervo da biblioteca formada durante toda a vida pelo bibliófilo José Mindlin, em um comentário plástico sobre a arte e a cultura.
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Os curadores Fabricio Reiner e Luiz Armando Bagolin e a artista Maria Villares apresentam exposição contemporânea que dialoga com o acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

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Descendo as escadas, uma “cauda” leva até a sala da exposição, que reúne uma pequena mostra da série Nexus, produzida por Maria Villares desde 2001. “Vi teias de aranhas através do orvalho e foi assim que tive a ideia de fazer as tramas. Comecei com agulhas de tricô grossas, que na verdade eram canos de PVC, e a partir da observação dessas tramas foram surgindo os desenhos realizados em papel japonês”, conta a artista. “A seleção inclui trabalhos delicados, como os cubos feitos com redinhas de cabelos usados pela mãe de Maria Villares”, ressalta Bagolin. Para Reiner, também curador, é uma síntese de seu trabalho. Segundo a artista, há muitas obras da série em seu ateliê – apenas um quinto de sua produção está exposto. “Dois deles, inclusive, participaram da última Bienal Internacional de Arte Têxtil Contemporânea de Madri, realizada há cerca de um mês”, conta Maria Villares.

Ex-estudante de Ciências Sociais da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP, que ficava onde hoje funciona o Centro Universitário Maria Antonia, e casada com um arquiteto, professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, a artista revisita a Universidade com essa mostra. Como lembra Reiner, sua primeira exposição foi realizada no Paço das Artes, na época situado na Cidade Universitária. Desde pequena, aos 14 anos, a artista já sabia que a arte teria largo espaço na sua vida. Em 1950, iniciou seus estudos em desenho e pintura com Nélson Nobrega e em história da arte com Gilda Seraphico, e a partir da década de 70 frequentou os ateliês de Carlos Fajardo e Dudi Maia Rosa.

Em 1994, fez sua primeira individual, na Galeria Nara Roesler, e sua trajetória inclui muitas exposições, individuais e coletivas – na mostra, há um vídeo em looping com depoimento da artista sobre sua carreira. Atualmente há obras suas em vários acervos do Brasil, como no Museu de Arte Moderna (MAM), Pinacoteca do Estado e Museu Afro Brasil, em São Paulo; Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre; e internacionais, como no Museum of Latin American Art (Califórnia, Estados Unidos) e Museu de Kobe (Japão). Além da série Nexus, a artista destaca sua pesquisa anterior para Muito Além da Maçã, que segundo ela está relacionada a um momento muito particular de sua vida. Para Maria Villares, “é gratificante fazer uma individual neste espaço tão importante para a cultura do País”.

Confira imagens da exposição
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Exposição Tecendo o Tempo, de Maria Villares – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

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A seleção inclui trabalhos delicados, como os cubos feitos com redinhas de cabelos usados pela mãe de Maria Villares – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

Exposição é uma síntese do trabalho da artista – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

 

Apenas um quinto da vasta produção de Maria Villares está exposto na Biblioteca Brasiliana – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

 

Exposição reúne 40 obras de dimensões, suportes e técnicas variadas – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

 

A artista Maria Villares: “É gratificante fazer uma individual neste espaço tão importante para a cultura do País” – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

 

A exposição Tecendo o Tempo, de Maria Villares, fica em cartaz até 31 de janeiro de 2020, de segunda a sexta-feira, das 10 às 18h30, e sábados, das 9 às 13 horas, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. O vídeo apresentado na mostra pode ser assistido neste link. Mais informações no site da BBM


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