Jornalistas de todo o mundo discutem como tornar a comunicação da Ciência mais eficiente

A “World Conference of Science Journalists (WCSJ2019)” reuniu em Lausanne, na Suíça, profissionais da mídia, cientistas e representantes de governos de diversos países

 19/07/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 25/07/2019 as 10:14
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Mulheres no jornalismo de ciência foi um dos inúmeros assuntos discutidos em conferência na Suíça – Foto: Divulgação WCSJ

No início do mês de julho, Lausanne, na Suíça, foi palco do maior evento do mundo de jornalistas e comunicadores da Ciência. A décima primeira World Conference of Science Journalists (WCSJ2019) reuniu mais de mil profissionais de todos os cantos do globo, que usam diferentes formatos e mídias, para apresentar seus projetos e discutir qual a melhor maneira de aproximar o público da Ciência e dos cientistas.

O programa incluiu palestras, oficinas, e paineis de discussão com comunicadores cientistas e representantes de governos. O objetivo, de acordo com os organizadores,  era permitir aos jornalistas “navegar com mais eficiência pelas informações científicas e tecnológicas, aumentar conhecimentos nos temas tratados e melhorar suas habilidades de reportagem, análise e pensamento crítico, discutindo maneiras criativas e eficientes de aproveitar as possibilidades da nova era da comunicação no jornalismo científico”.

Carlos Moedas, comissário de Pesquisa, Ciência e Inovação da União Europeia: jornalistas de Ciências também precisam saber contar boas histórias – Foto: Luiza Caires

Na abertura da conferência, no dia 2 de julho, Carlos Moedas, comissário de Pesquisa, Ciência e Inovação da União Europeia, contou ser filho de jornalista, aprendendo desde cedo a valorizar o papel desta profissão. Ele acredita que “os jornalistas de ciências também devem recuperar sua capacidade de contar histórias que tenham significado na vida das pessoas comuns”, caso contrário, não conseguiremos competir com quem conta histórias com aparência de ciência, mas sem fundamentos científicos reais.

Também na abertura, a ministra do Ensino Superior, Pesquisa e Inovação da França, Frédérique Vidal, afirmou que tanto a França quanto a Suíça são países “com grande apreço pela imprensa” e pelo papel dos jornalistas de questionarem, inclusive governos e cientistas.

Sessões paralelas e plenárias discutiram tópicos que incluíram edição genética, inteligência artificial, exploração espacial, passando por mudanças climáticas, perda da biodiversidade, até os desafios enfrentados pelos jornalistas nos países em desenvolvimento, entre outros assuntos.

A ministra do Ensino Superior, Pesquisa e Inovação da França, Frédérique Vidal: apreço pela capacidade de questionamento dos jornalistas – Foto: Luiza Caires

Entre os países 83 com representantes no evento, o maior número era da Suíça (255), seguido por Estados Unidos (139), Reino Unido (105), França (91), Alemanha (75) e Itália (46). Do Brasil, 12 participantes estiveram presentes.

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Eu, Luiza Caires, acompanhei o evento representando o Jornal da USP. Conheci outras experiências de divulgação científica buscando aprimorar a atuação do Jornal da USP  neste tema, em um tempo em que, mais do que nunca, é tão fundamental mostrar o papel da pesquisa para a sociedade. Infelizmente, para o tamanho do País, a presença brasileira no evento foi pequena – talvez proporcional à pouca representatividade desta especialização nos veículos nacionais, que atualmente contam com pouquíssimos cadernos e programas dedicados ao assunto.

Estar cercada de colegas se esforçando para fazer um trabalho cada vez melhor na área, e em um ambiente em que a Ciência e sua divulgação são levados a sério por governos, indivíduos e instituições, é uma lufada de ânimo para quem atua na comunicação da Ciência. Como parte da programação da conferência,  também visitei as instalações da  Agência Espacial Europeia (ESA) e fui até a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern). Escreverei sobre o trabalho dos pesquisadores brasileiros que lá atuam.

Reitores da Universidade de Lausanne e da Escola Politécnica de Lausanne na abertura do evento – Foto: Luiza Caires

André Biernath, repórter da revista Saúde, também ressaltou a “oportunidade única de encontrar colegas do mundo todo para trocar ideias e experiências”. “Foi uma honra enorme, talvez a maior de minha vida profissional, estar em uma mesa de debate sobre a criação de uma Rede Latinoamericana de Jornalistas de Ciência. Espero que possamos aumentar nossos laços e cooperar cada vez mais para nosso interesse em comum: fortalecer e melhorar o jornalismo de ciência de nossa região”, disse o jornalista, que é presidente da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência (RedeComCiência).

Para o presidente do comitê organizador, Olivier Dessibourg, a WCSJ2019 foi um grande sucesso. “Há muitas razões para isso, mas estamos particularmente orgulhosos do fato de que a mensagem de que o jornalismo científico independente e de qualidade é vital, e precisa ser apoiado, foi levada não apenas pelos participantes, mas também por tomadores de decisão, políticos e cientistas convidados para falar na conferência”.

O evento bianual teve, nesta edição, a organização das associações de jornalistas de ciências da Suíça (SASJ), França (AJSPI) e Itália (SWIM), e no âmbito acadêmico, da Universidade de Lausanne, Universidade de Genebra e Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern). A próxima Conferência Mundial de Jornalistas de Ciência será realizada em Medellín, na Colômbia, em 2021.

Mais informações: site www.wcsj2019.eu


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