Reumatologia avança do laboratório aos leitos de hospitais

Professora da USP é uma dos 20 pesquisadores a compor Conselho Consultivo Internacional da revista “The Lancet”

 18/06/2019 - Publicado há 5 anos
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Reumatologista da Faculdade de Medicina (FM) da USP passa a integrar o Conselho Consultivo Internacional da revista The Lancet Rheumatology. A médica Rosa Maria Rodrigues Pereira, chefe do Departamento de Clínica Médica da FM e a única pesquisadora da América Latina a participar do conselho, desenvolve uma série de estudos que resultaram em mais de 270 artigos publicados e 60 prêmios. As pesquisas incluem osteoporose, vasculites sistêmicas e doenças reumáticas juvenis. 

“Compor esse grupo é muito importante, uma vez que são apenas 20 pesquisadores de todo o mundo, a maior parte deles da Europa ou dos Estados Unidos”, declara a médica ao Jornal da USP no Ar. The Lancet é uma das revistas acadêmicas mais tradicionais de medicina e lançou, neste primeiro semestre de 2019, seu braço de reumatologia, o The Lancet Rheumatology, para a qual colabora Rosa Maria. Mensal, o foco da publicação está nos estudos que avançam a prática clínica e defendem mudanças na política de saúde.

Se a pesquisadora conquistou um lugar dentro desse seleto Conselho Consultivo Internacional, foi por seu mérito acadêmico. Além da já extensa publicação, a professora ainda produz muito. Neste mês de junho, publicou no The Journal of Bone and Mineral Research, outro importante veículo científico, uma pesquisa relacionando as maiores densidades muscular e óssea com a menor mortalidade na população idosa com mais de 65 anos. “Os resultados apontam que a atividade física e a boa alimentação são fundamentais para uma terceira idade saudável e diretamente ligadas à longevidade”, explica.

Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Rosa Maria conta que, ao longo dos últimos 20 anos, houve um avanço considerável no tratamento de doenças reumatológicas. A reumatologia trata de enfermidades que afetam o aparelho locomotor, normalmente de origem autoimune. “Não havia medicações biológicas. A evolução da pesquisa básica redirecionou a terapêutica desses quadros. O trabalho de bancada, de laboratório, hoje chega ao atendimento na beira do leito”, diz a professora.

“Conseguimos isolar os anticorpos específicos contra a proteína responsável por impedir a osteogênese, a reprodução do tecido ósseo. Isto no caso da osteoporose, que foi um sucesso. O êxito foi repetido com várias outras doenças, como vasculites, artrites reumatoides, condropatias”, esclarece a professora. Além disso, ela lembra do avanço dos diagnósticos por imagem, como a densitometria, que permite a medição da densidade óssea. “Não existia há 30 anos”, comenta.

Dessa maneira, a medicina atual oferece um tratamento personalizado para cada paciente, a depender das peculiaridades de seu quadro. “A reumatologia trabalha com um espectro de doenças muito grande. Existe desde a artrite idiopática juvenil, que pode acometer crianças com dois anos, até inflamações musculares ligadas à terceira idade”, afirma Rosa Maria. Ela argumenta que foi justamente a pesquisa básica, que busca as explicações na origem do conhecimento biológico, que permitiu a identificação e terapêutica dessas diferentes enfermidades.

Fora os tratamentos específicos das doenças reumatológicas, as intervenções médicas buscam controlar a dor e a fadiga crônica. “Além dos avanços funcionais, é fundamental considerar a qualidade de vida e a atividade laboral do paciente”, indica a médica.


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