Um dos desafios que a epidemia de Zika trouxe para o sistema de saúde e de pesquisa foi a ausência de um teste acessível e capaz de identificar a infecção específica pelo vírus. No dia 14 de março, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP anunciaram o desenvolvimento do primeiro teste específico para detecção do Zika. O teste discrimina os anticorpos gerados após infecção pelo vírus zika daqueles gerados em pessoas infectadas pelo vírus da dengue ou em pessoas que foram vacinadas contra a febre amarela.
O método, chamado imunoenzimático, é do tipo Elisa, usado desde a década de 1980 para a detecção do vírus da Aids. Esta é uma vantagem do teste desenvolvido pela USP: a rede de saúde já tem os equipamentos e conhece a técnica de utilização. Antes do Elisa, o único método de diagnóstico utilizado para detectar o Zika era o PCR, que pesquisa diretamente no sangue do paciente a presença de material genético do vírus. Esse exame é caro e não está disponível em todos os laboratórios. Além disso, o PCR só funciona nos cinco primeiros dias da infecção.
Ao mesmo tempo em que estudavam as proteínas do vírus in vitro, os pesquisadores usaram o teste em camundongos, em amostras de vírus coletadas de pacientes e, finalmente, em pessoas sabidamente infectadas. Entre as amostras, sangue de mulheres de Itabaiana, em Sergipe, e de pacientes de São Paulo, em um momento em que o vírus Zika ainda não estava circulando no Estado.
Por Fabiana Mariz, do Núcleo de Divulgação Científica da USP
Imagens e edição de vídeo: Alan Petrillo