Obscurantismo é ameaça para as Humanidades e as ciências em geral

Renato Janine Ribeiro comenta a decisão do governo da Hungria de proibir os estudos de gênero em cursos superiores

 24/10/2018 - Publicado há 6 anos

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Na coluna Ética e Política desta semana, o professor Renato Janine Ribeiro fala da proibição, pelo governo da Hungria, de estudos de gênero em cursos superiores do país. “É um dado chocante que mostra o avanço do retrocesso, de uma força cada vez maior do obscurantismo pelo mundo”, diz o colunista.

Janine destaca que nenhum governo pode ter o direito de proibir qualquer pesquisa que exista, a não ser em casos muitíssimos excepcionais em pesquisas que ensejem grandes danos, como aquelas que envolvem a produção de armamentos, elementos altamente tóxicos, venenos etc. “E, neste caso, não sei se é para proibir ou apenas regular esses estudos para que não caiam em mãos ruins”, diz. O colunista ressalta que é próprio do mundo acadêmico a discussão livre de posições que são academicamente diferentes. “A polêmica faz parte intrínseca do mundo acadêmico. Isso quer dizer que tudo o que tem base científica, argumentativa, pode e deve ser discutido.”

“Há pessoas que estão dizendo ser melhor deixar de lado os estudos de Humanidades e que devemos priorizar os estudos científicos. Mas quando esse mesmo obscurantismo propõe que o Criacionismo (tese de que Deus criou o mundo em sete dias) seja estudado no mesmo estatuto que a Teoria da Evolução, vê-se que o obscurantismo é uma ameaça não só para as Humanidades, mas também para as ciências em geral.

Para o colunista, é preciso garantir a plena liberdade científica da discussão qualificada dentro do mundo acadêmico e da pesquisa. “Se não fizermos isso, não se iludam. O Brasil vai ficar para trás na sua economia e não apenas nos costumes. O Brasil vai ficar para trás na sua produção e nós precisamos sempre fazer crescer o PIB, mas isso não vai ser feito na base do obscurantismo.”

Ouça, no link acima, o áudio na íntegra da coluna Ética e Política.


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