USP terá Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho

Criação do escritório integra projeto para reformular as métricas utilizadas pelas três universidades públicas estaduais paulistas

 10/04/2018 - Publicado há 6 anos
Métricas de rankings internacionais serão utilizadas como referência no projeto Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas – Foto: Javier Alonso Huerta via Flickr – CC

A USP está implantando um Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho para subsidiar o planejamento e ações estratégicas da instituição. “O objetivo é preparar a Universidade para atender aos anseios da sociedade, respeitando as avaliações externas, nacionais e internacionais”, disse Vahan Agopyan, reitor da USP. O escritório será dirigido por Aluisio Segurado, professor titular da Faculdade de Medicina da USP.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) iniciou um mapeamento de informações que permitirá reunir, em uma única fonte, dados relevantes de desempenho, como, por exemplo, o número de palestras internacionais proferidas por seus docentes, de acordo com Marisa Massumi Beppu, pró-reitora de Desenvolvimento Universitário.

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) constituiu uma comissão com a tarefa de interpretar e monitorar indicadores acadêmicos de suas 34 unidades em 24 cidades em todo o Estado, disse Helber Holland, da Assessoria Especial de Planejamento Estratégico.

Essas iniciativas foram anunciadas durante o segundo workshop do projeto Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas, apoiado pela Fapesp no âmbito do Programa Pesquisa em Políticas Públicas. O projeto tem como objetivo, até 2019, propor reformulação das métricas utilizadas atualmente pelas três universidades públicas estaduais paulistas.

Liderado pelo professor Jacques Marcovitch, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP e ex-reitor da Universidade, e pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), o projeto teve início em julho de 2017, tendo também como parceira a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.

O objetivo, segundo Marcovitch, é estimular as universidades a substituírem a “cultura de anuário estatístico, que registra o passado”, pela de “unidade de inteligência”, que capta em tempo real informações de várias fontes para apoiar a construção do futuro.

As métricas a serem aprimoradas são as mesmas que alimentam rankings internacionais como o Times Higher Education (THE) ou o Academic Ranking of World Universities (ARWU). “Mas, para definir padrões de avaliação das universidades estaduais paulistas, é fundamental que se defina claramente qual o projeto institucional de cada uma delas, vis-à-vis o interesse de seus grupos de pesquisa”, recomendou José Goldemberg, presidente da Fapesp e ex-reitor da USP.

Elizabeth Balbachevsky, do Departamento de Ciência Política da USP e pesquisadora associada do projeto, acrescentou que os indicadores de desempenho são também uma forma de as universidades – que têm orçamentos maiores que os de muitos municípios paulistas – prestarem contas e mostrarem à sociedade “o que lhe estão entregando”.

Políticas eficazes

O projeto Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas tem como pesquisadores associados Luiz Nunes de Oliveira, da Coordenação de Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa da Fapesp; Renato Pedrosa, da Coordenação do Plano Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Estado de São Paulo na Fundação; Justin Axelberg, da USP; José Augusto Guimarães, da Comissão de Rankings da Unesp; Nina Ranieri, da Faculdade de Direito da USP; e Elizabeth Balbachevsky.

A ideia de “copiar” métricas utilizadas pelos principais rankings para avaliar as universidades paulistas foi descartada em razão da disparidade entre esses indicadores e do fato de os rankings utilizarem medidas iguais para comparar universidades com características diferentes.

Depois de buscar – e não encontrar – literatura jurídica sobre rankings, principalmente nos Estados Unidos, Ranieri observou que a maioria deles tem vínculos com empresas jornalísticas – o THE, por exemplo, é uma iniciativa do jornal inglês The Times –, que têm “objetivo de lucro”. “Os rankings são feitos para aumentar a competição e causar ansiedade”, ela concluiu. “Melhor é apreender os fatores comuns a esses rankings e utilizá-los como referência”, sugeriu Marcovitch.

Era consenso entre os participantes do encontro que o aprimoramento dos indicadores de desempenho permitirá às universidades conhecer melhor o seu funcionamento e encontrar maneiras de melhorá-lo. “Para implementar políticas eficazes e obter melhor visibilidade dos impactos da universidade em favor da sociedade, precisamos de boas métricas”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.

Segundo ele, as universidades são continuamente criticadas, por supostamente não trabalharem mais em colaboração com empresas ou não apresentarem impacto econômico e social. No entanto, raramente se discute esses tópicos com base em métricas de desempenho. Por exemplo, no caso de interação com empresas, Brito Cruz sugeriu a utilização de um conjunto de indicadores, como a participação de recursos privados no dispêndio de pesquisa e desenvolvimento, número de artigos publicados em coautoria entre pesquisadores de universidades e empresas, número de startups criadas por alunos e professores e carteira de patentes licenciadas, entre outros.

“Os resultados contestam argumentos dos que consideram que, aqui, não existe parceria entre universidades e empresas”, disse. Brito Cruz exibiu gráfico que registra crescimento consistente do número de artigos científicos publicados por pesquisadores da USP, Unicamp e Unesp em parceria com empresas.

O terceiro workshop do projeto Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas será realizado em agosto de 2018 na Unesp, junto com o lançamento do primeiro livro com análises e início de 2019 na Unicamp, e as conclusões finais do projeto – assim como o segundo livro sobre o assunto, que será lançado em junho de 2019, na Fapesp.

Claudia Izique/ Agência Fapesp


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