USP comemora os 100 mil títulos concedidos na Pós-Graduação

A comemoração teve como principal referência a regulamentação e a padronização dos Programas de Pós-Graduação, consolidados e vigentes na Universidade a partir de 1969

 18/10/2011 - Publicado há 13 anos     Atualizado: 31/10/2019 as 12:54
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A comemoração foi valorizada pelos tradicionais acordes de classe e cultura da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp)

Foi intensa a programação comemorativa em torno da expressiva marca de 100 mil títulos outorgados pela USP a mestres e doutores, tendo como referências principais a regulamentação e a padronização dos Programas de Pós-Graduação, consolidados e vigentes na Universidade a partir de 1969.

Com o título geral “A Pós-Graduação Construindo o Futuro”, as atividades foram realizadas nos dias 7, 9, 10 e 11 de outubro, variando de palestras e debates profícuos até premiações e homenagens diversas, valorizadas pelos tradicionais acordes de classe e cultura da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp).

Todo o conjunto, entretanto, atuou em consonância com a clara orientação do pró-reitor de Pós-Graduação, Vahan Agopyan, para quem “é importante celebrar as conquistas passadas, mas é, sobretudo, fundamental aprofundar e definir o cerne do que se quer daqui para frente quanto à Pós-Graduação uspiana e brasileira”, afirmou o pró-reitor.

Durante quatro dias, destacaram-se as participações nos eventos de representantes de diversas Unidades, de dirigentes de instituições internacionais de ensino superior, de diretores de órgãos públicos e agências de fomento, assim como de representantes da iniciativa privada.

Reflexões

No período da manhã do primeiro dia de atividades, sexta-feira, 7 de outubro, as reflexões se concentraram no tema “Como a Pós-Graduação está atendendo às demandas da sociedade e suas diretrizes futuras”, com  palestras de pró-reitores de Pós-Graduação de diferentes instituições de ensino.

“Somos o 13º produtor mundial de conhecimentos, aumentamos significativamente nossa produção científica, mas ainda somos carentes de mão de obra qualificada”, disse Vahan Agopyan

O primeiro a expor suas ideias foi Vahan Agopyan, com a exposição “Como atingir o patamar de uma Universidade de Classe Mundial”. Ele lembrou a implantação tardia do ensino superior no país, reafirmando a criação recente das universidades brasileiras concomitante à sua produção científica. “Somos o 13º produtor mundial de conhecimentos, aumentamos significativamente nossa produção científica, mas ainda somos carentes de mão de obra qualificada”, disse o pró-reitor de Pós-Graduação da USP.

Vahan Agopyan, a respeito do que é preciso fazer para chegar à condição de Universidade de Classe Mundial, destacou a excelência acadêmica comprovada pelos pares da comunidade científica e o reconhecimento da sociedade ao atendimento de seus anseios em setores não acadêmicos, como o social, o agrícola e o industrial, entre outros.

Participaram também das atividades matinais da sexta-feira os pró-reitores de Pós-Graduação Euclides de Mesquita Neto, da UNICAMP; Marilza Vieira Cunha Rudge, da UNESP; Beatriz Amaral de Castilho, da UNIFESP; Bernardo Arantes de N. Teixeira, da UFSCar, e, completando o grupo de pró-reitores presentes ao Anfiteatro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Carlos Alberto Kamienski, da UFABC.

No período da tarde do dia 7, houve debates, com transmissão ao vivo via internet, nos campi de São Carlos, Ribeirão Preto e Piracicaba, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e, ainda, na Faculdade de Direito.

Celebrações e homenagens

O Memorial da América Latina, em seu Auditório Símón Bolívar, foi o palco das celebrações pelos 100 Mil Títulos da Pós-Graduação na noite de domingo, 9 de outubro, com diversas intervenções musicais da OSUSP, liderada pela maestrina Ligia Amadio, iniciadas com a execução do Hino Nacional Brasileiro na abertura solene.

Os sucessivos discursos tiveram como ponto de partida o que foi proferido pelo pró-reitor Vahan Agopyan, que, ao se referir ao marco dos 100 Mil Títulos, afirmou que é preciso saber se os egressos da Pós-Graduação atendem às demandas da sociedade atual, e indagou pela primeira vez a respeito do tema que se tornaria recorrente nos outros dias de atividades: o que devemos fazer para melhorar a Pós-Graduação?

O governador Geraldo Alckmin elogiou o rigor metodológico vigente na Instituição

Depois da pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda do Nascimento Arruda, sublinhar o júbilo associado à presença da OSUSP com uma frase lapidar – “Orquestra e USP se autoiluminam por força do mesmo propósito, a excelência” -, o reitor João Grandino Rodas afirmou em seu pronunciamento que os 100 Mil Títulos não devem servir tão somente ao regozijo, mas que devem, sim, ensejar meditação e expectativa de que os próximos 100 Mil sejam melhores do que os que são agora celebrados.

“Quero destacar a importância daqueles que, nos primeiros momentos da Universidade, trabalharam com a Pós-Graduação e a relevância das agências de fomento, lembrando que a própria USP agora patrocina suas pesquisas. Quero, sobretudo, reverenciar o povo de São Paulo, inclusive aqueles que  se incluem entre os mais humildes, pois é o povo de São Paulo quem de fato sustenta a USP”, discursou o reitor.

A voz que se ouviu a seguir foi a do governador Geraldo Alckmin, que ensinou ser falsa a antinomia quantidade e qualidade, considerando o marco dos 100 Mil Títulos da Universidade. Alckmin elogiou o rigor metodológico vigente na Instituição e, tecendo considerações sobre os dizeres inscritos no símbolo da USP, qualificou como essencial a importância da criação da USP, tanto para São Paulo quanto para o Brasil.

No capítulo homenagens, foram muitas as concedidas no Memorial da América Latina. Inicialmente, as agências de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) receberam distinção em forma de troféu e medalha da USP.

Em continuidade, o professor Américo Paschoal Senise, vinculado à USP desde 1935 e recentemente falecido aos 93 anos, teve sua longeva e brilhante trajetória acadêmica lembrada pelo ex-diretor do Instituto de Química, Walter Colli. Entre os mais notáveis méritos atribuídos a Senise por Colli, destacou-se justamente o de ter sido um dos principais responsáveis, senão o principal, pela regulamentação, na Universidade, dos Programas de Pós-Graduação.

O reitor afirmou que a comemoração deve ensejar meditação e expectativa de que os próximos 100 Mil sejam melhores do que os que são agora celebrados

A seguir, os vencedores do Prêmio Tese Destaque USP 2011 – em número de nove, conforme as grandes áreas de conhecimento reconhecidas na Pós-Graduação brasileira, além de menções honrosas e premiações aos orientadores dos alunos – subiram ao palco do Auditório Simón Bolívar em conclusão à sequência de grandes homenagens ocorridas na noite do dia 9 de outubro.

O que é uma boa universidade?

Encerrando as atividades do domingo, o ex-reitor José Goldemberg apresentou conferência sobre a Pós-Graduação na USP, provocando a reflexão ao indagar: o que é uma boa universidade?

Goldemberg afirmou que é imprescindível melhorar a qualidade do mestrado e do doutorado na Universidade de São Paulo, além de entender que o combate firme ao paroquialismo e a valorização à meritocracia provocaram a explosão de trabalhos, teses e dissertações, conforme vem ocorrendo nas últimas décadas.

Goldemberg avaliou como estimulante a ideia de a USP criar um prêmio anual, de elevado valor monetário, “com o intuito de estimular decisivamente a produção acadêmica da Universidade a se inserir entre as de patamares de qualidade mais elevados”, disse Goldemberg.

Palestras e debates a mancheias

Representantes de diversas instituições, sejam universidades e agências de fomento, sejam órgãos públicos e empresas privadas, mostraram suas ideias nos dias 10 e 11 de outubro, tanto pela manhã quanto à tarde, nos dois dias.

Um dos pontos altos de todo o ciclo de comemorações foi a manhã da segunda-feira, 10 de outubro, quando autoridades do ensino superior de outros países apresentaram palestras sob o tema geral “Experiências Internacionais de Pós-Graduação”.

Foram quatro apresentações distintas e ricamente ilustradas, que ofereceram um painel amplo e repleto de informações relevantes a respeito da Pós-Graduação nos respectivos países. Fizeram parte deste painel Kim A. Wilcox, da Universidade norte-americana de Michigan; Keith Hoggart, do King’s College London; Barthélemy Jobert, da Universidade Sorbonne, em Paris; e o chinês Gu Binglin, presidente da Universidade de Tsinghua.

Os outros três paineis apresentados nos dias 10 e 11 foram “A Pós-Graduação no Brasil – Aspectos Conceituais e Financiamento”, “Temas Atuais da Pós-Graduação” e “A Relação do Estado e do Setor Produtivo com a Pós-Graduação”.

(Jorge Vasconcellos, especial para a Sala de Imprensa / Fotos: Ernani Coimbra)


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