Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência tem nova titular

A educadora e ativista social Eliana Sousa Silva foi recebida pelo reitor Vahan Agopyan no dia 28 de fevereiro

 01/03/2018 - Publicado há 6 anos
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(Da esq. p/ dir.) O coordenador acadêmico da Cátedra, Martin Grossmann; a nova titular Eliana Sousa Silva e o reitor Vahan Agopyan, no prédio da Reitoria – Foto: Adriana Cruz / Assessoria de Imprensa da USP

A educadora e ativista social Eliana Sousa Silva é a nova titular da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência. Ligada ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, a Cátedra é resultado de uma parceria com o Itaú Cultural e tem como missão trazer para a Universidade a discussão sobre a cultura no campo expandido, bem como seu papel como agente de mediação e transformação social. Em 2017, a Cátedra foi ocupada pelo designer Ricardo Ohtake.

Eliana foi recebida pelo reitor Vahan Agopyan, em um encontro promovido no dia 28 de fevereiro, no prédio da Reitoria. A cerimônia de posse está prevista para o próximo dia 27 de março, no campus da USP em São Paulo.

A nova catedrática é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretora fundadora das Redes de Desenvolvimento da Maré, organização não governamental criada em 2007 no Complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio de Janeiro, com mais de 140 mil habitantes. O objetivo da entidade é consolidar uma ampla rede de parcerias para garantir o desenvolvimento sustentável na Maré, a partir da articulação de pessoas e instituições comunitárias, sociedade civil, universidades, órgãos públicos e iniciativa privada. Os mais de 20 projetos da Redes da Maré estão vinculados a cinco eixos de atuação: Desenvolvimento Territorial; Educação; Arte e Cultura; Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça; Identidades, Memória e Comunicação.

“Com Eliana, uma ativista social, cultural e educacional, a Cátedra volta-se para um universo da cultura diferente daquele privilegiado na Universidade, onde a tônica ainda são os ditames das belas artes e das linguagens tradicionais”, explica o coordenador acadêmico da Cátedra e ex-diretor do IEA, Martin Grossmann.

Para o reitor Vahan Agopyan, com sua nova titular, a Cátedra fomentará, na Universidade, “discussões que interfiram na realidade social, abarcando posições, posturas, ideias e vivências diferentes”.

Em seus dois primeiros anos de atividades, a Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência abordou as artes e a cultura de formas distintas. Com o embaixador Sérgio Paulo Rouanet, primeiro titular, tratou de questões filosóficas sobre a cultura a partir da matriz iluminista. Com Ohtake, tratou do funcionamento do sistema cultural, do debate sobre a gestão pública e privada da cultura e correspondentes políticas culturais a partir do final dos anos 40.

A Redes da Maré é uma organização não governamental que desenvolve importante trabalho social nas 16 comunidades que formam o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro – Foto: Divulgação

Biografia

A relação de Eliana Sousa Silva com a Maré se confunde com sua própria trajetória pessoal e profissional. Aos sete anos de idade, Eliana e sua família deixaram a seca de 1969 na região do Cariri da Paraíba para se mudar para o Rio de Janeiro. Lá, se fixaram na favela Nova Holanda, na Maré.

Em 1979, aos 17 anos, foi uma das pessoas selecionadas para atuar como agente comunitário no bairro, para uma pesquisa de sanitaristas da Fundação Oswaldo Cruz. Aos 22 anos, fez campanha para criação de uma Associação de Moradores da Nova Holanda e venceu a eleição para dirigi-la.

No período de seis anos em que ela presidiu a associação, a comunidade conseguiu que o local fosse atendido com energia elétrica, coleta de lixo e rede de água e esgoto.

Em 1997, Eliane e outros moradores da Maré iniciaram o processo que levaria à criação da Redes da Maré. A constatação de que só 0,5% das pessoas do bairro tinham curso superior motivou a primeira iniciativa do grupo: um curso pré-vestibular comunitário. Nos 20 anos de existência do curso, 1,2 mil moradores conseguiram ingressar na universidade.

Em paralelo à militância social e à dedicação à Redes da Maré, Eliana desenvolveu carreira acadêmica. Graduou-se em Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve os títulos de mestre em educação e doutora em serviço social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Realizou pesquisa de pós-doutorado no Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais, nos Estados Unidos.

Na UFRJ, ela também coordenou o curso de pós-graduação em segurança pública, destinado aos profissionais da área, e dirigiu e ainda integra a equipe da Divisão de Integração Universidade Comunidade da Instituição.

(Com informações da Divisão de Comunicação do IEA/USP)


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