Desativação de plataformas de petróleo precisa obedecer normas técnicas

Regina Meyer Branski explica que o descomissionamento dessas estruturas é gerenciado e fiscalizado para evitar acidentes ambientais

 Publicado: 15/04/2024
Por
A plataforma de petróleo é apenas um pedaço de toda a estrutura que precisa ser desativada – foto: Felipe Dana – Fotos Públicas
Logo da Rádio USP

A Petrobras planeja desativar cerca de 50 plataformas de petróleo até o ano de 2029. Esse processo acontece quando o período de vida útil dessas estruturas chega ao fim e o procedimento precisa ser feito com muito planejamento e observação das normas técnicas para evitar possíveis transtornos ambientais.

Regina Meyer Branski, professora do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo (PMI) da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo, explica os motivos que levam à desativação de uma plataforma e como o processo deve ser realizado.

Regina Meyer Branski – Foto: Researchgate

Segundo a especialista, a vida útil de um campo de petróleo varia entre dez e 30 anos e, após esse período, os poços entram em fase de esgotamento, tornando o processo de extração bem mais caro. Ela afirma que, nessa fase, a retirada da substância não é mais compensatória devido aos altos custos empregados e, portanto, é necessário iniciar o processo de desativação da plataforma.

“Quando vai esgotando aquela reserva, chega um momento que aquilo não tem mais viabilidade financeira. Então, quando esses poços vão chegando ao fim da vida útil deles, o custo operacional de fazer essa extração vai ficando alto e, nesse momento, começa a não ser mais compensatório você retirar o óleo e, por consequência, começa o processo de desativação dos poços”, explica.

Sistema de produção

De acordo com Regina, a plataforma de petróleo é apenas um pedaço de toda a estrutura que precisa ser desativada. Ela conta que a plataforma é parte que fica visível por estar sobre a água, mas existe uma série de dutos e outros equipamentos submersos nos oceanos e, funcionando em conjunto, todos esses equipamentos formam o que é chamado de Sistema de Produção de Petróleo.

“Então não existe apenas a plataforma, mas todo um sistema conectado e, quando esse óleo chega na plataforma, precisa ser tratado. Normalmente existe nas plataformas uma indústria química, porque esse óleo que chega precisa ser separado da água e do gás e, por fim, o petróleo é enviado por um navio ou por um duto até o reservatório interno”, elucida.

Processo de desativação

Conforme a professora, o operador de uma plataforma precisa realizar previamente um esboço do que será feito na desativação e, cerca de três anos antes, precisa ser apresentado o plano de desativação para a Agência Nacional de Petróleo (ANP). O órgão é responsável por observar se o processo do operador está correto, a partir da conformidade com as normas internacionais. 

“Tem que respeitar essas normas internacionais, tem que analisar o que vai ser removido e dar um tratamento para o que vai permanecer, tem que observar o que vai ser vedado e analisar se a área está limpa. Também precisa ser feito o gerenciamento de resíduos, que pode ser venenoso e contaminante”, argumenta.

Segundo a docente, a ANP gerencia todo esse processo juntamente ao Ibama, que é responsável pela verificação e reabilitação ambiental, e à Marinha, que cuida dos processos navais, como deslocamento de embarcações e sinalização adequada. Ela conta que o processo realizado nas plataformas é semelhante ao implantado em instalações nucleares para que se tenha o melhor tratamento ambiental possível.

Reutilização de materiais 

De acordo com Regina Meyer Branski, os materiais e equipamentos da plataforma têm diversos destinos após sua desativação. Alguns deles são descartados como sucatas, outros podem ser reciclados ou até reutilizados em outros locais e algumas plataformas flutuantes podem até mesmo ser transferidas para outros campos de petróleo.

“Também pode ser deixado no próprio leito marinho, porque algumas vezes, quando uma plataforma fixa é tombada, forma-se todo um bioma marinho embaixo dela. Então, pode ser até interessante deixar como um recife artificial embaixo da plataforma e é preciso que ele seja monitorado com frequência, posteriormente”, finaliza.

*Sob supervisão de Paulo Capuzzo e Cinderela Caldeira


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.