Livro expõe o desafio da USP de preservar seu patrimônio ambiental

Editora da USP lança “Reservas Ecológicas da Universidade de São Paulo”

 12/12/2017 - Publicado há 6 anos
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Exemplar de ipê-roxo no campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba – Foto: Pedro H., Santin Brancalion

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Preservar uma
ampla biodiversidade, com espécies nativas e algumas ameaçadas de extinção, é o desafio que a USP vem travando. Se a população pode desfrutar da paisagem e dos benefícios das reservas ecológicas dos diversos campi com árvores centenárias, o canto e o voo de uma infinidade de pássaros, animais e insetos, é graças à preocupação de pesquisadores, ecologistas, botânicos, ambientalistas, administradores e tantos outros estudiosos e trabalhadores que se empenham e têm no cotidiano a manutenção e preservação desse patrimônio.

Mulunga, planta conhecida como canivete pelo formato de suas flores, encontrada nos campi da USP – Foto: Luiz Oliveira

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Um movimento de pesquisadores, cientistas e cidadãos que a USP compartilha ao lançar o livro Reservas Ecológicas da Universidade de São Paulo, da Editora da USP (Edusp), organizado por Wellington Delitti e Vânia Pivello, professores do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências (IB) da USP. A obra contou também com a colaboração de diversos especialistas, apresentando descrições do ambiente físico, da vegetação e da fauna dos diversos campi. Documenta os aspectos mais relevantes com mapas e fotos que trazem detalhes dessa relação USP e natureza.

Carcará na reserva do campus de São Carlos – Foto: José C. Motta Júnior

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Logo nas primeiras páginas, a planta mulungu saúda os leitores com sua flor vermelha conhecida como canivete. Há ainda o voo inesperado de um carcará, sobrevoando o campus de São Carlos.
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Nesse cenário complexo, a USP resolveu criar uma rede de reservas ecológicas em seus diversos campi.

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As reservas ecológicas dos campi sinalizam, segundo Delitti, que a USP está identificada com seu tempo e ambiente natural e social. “A busca por alternativas e soluções para os problemas ambientais é tema de numerosas iniciativas do meio universitário”, destaca.

“Nesse cenário complexo, a Universidade de São Paulo decidiu criar uma rede de reservas ecológicas em seus diversos campi. A partir de 2012, a Superintendência de Gestão Ambiental, SGA, iniciou um programa de identificação e mapeamento de áreas disponíveis para essa finalidade, incluindo fragmentos de ecossistemas nativos em diferentes graus de preservação, bem como algumas áreas muito modificadas pelo histórico de sua ocupação e que foram destinadas a projetos de restauração.”

Onça-parda no campus de Piracicaba: para avistar é preciso ter sorte – Foto: Camila Castilho

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Na cidade de São Paulo, a USP tem duas reservas ecológicas, localizadas na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira e no Parque de Ciência e Tecnologia (Cientec). Surpreendem pelas árvores frondosas de 10 a 25 metros, pelos fragmentos de vegetação nativa e também por uma pequena área remanescente de cerrado. Ao observar as imagens do fotógrafo Luiz Oliveira que destacam as formas e cores das folhas, flores, fungos, o leitor certamente vai querer conferir de perto. E caminhar pelo interior da Reserva Florestal do Instituto de Biociências, na Cidade Universitária, para apreciar os diversos tipos de fungos que, aos olhos dos leigos, parecem esculturas sobre os troncos e ramos das árvores.
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Em meio a uma diversidade de ambientes, as reservas vieram reforçar os projetos de restauração da vegetação nativa, implantados desde 2003.

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O capítulo dedicado ao campus de Piracicaba, onde está instalada a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), traz a natureza de seus 870 hectares com uma extensa malha hidrográfica. É cortado pelo rio Piracicaba e afluentes como o ribeirão Piracicamirim e outros pequenos cursos d’água.

A descrição e o mapeamento que estão no livro foram elaborados por uma equipe de pesquisadores do campus. “Além da Esalq, as Estações Experimentais de Ciências Florestais de Anhembi e Itatinga também abrigam as reservas ecológicas da USP na região. Em meio a uma diversidade de ambientes, as reservas vieram reforçar os projetos de restauração da vegetação nativa, implantados desde 2003.”

Reserva de Pirassununga: a beleza da revoada de pássaros – Foto: Luiz Oliveira

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Segundo os especialistas, a comunidade de aves, estudada por mais de dez anos, possui cerca de 201 espécies identificadas até o momento. Há mais de 30 espécies de mamíferos de médio ou grande porte. Há, inclusive, a onça-parda, que está nas listas de espécies ameaçadas, além do cachorro-do-mato, flagrado pelas lentes de Kátia Ferraz, o quati, a capivara e o tatu-galinha.
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As reservas cumprem um papel decisivo na preservação e são privilegiadas biologicamente por englobarem dois biomas ameaçados: a Mata Atlântica e o Cerrado.

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Instalado em uma fazenda com 2.300 hectares, o campus de Pirassununga é o maior da USP em terras contínuas. Abriga 21 reservas ecológicas, entre vários corpos d’água. “As reservas cumprem um papel decisivo na preservação e são privilegiadas biologicamente por englobarem dois biomas ameaçados: a Mata Atlântica e o Cerrado”, esclarece a equipe de pesquisadores no texto que integra o livro.

A fauna do campus surpreende pela diversidade e tem muitos representantes do Cerrado. Entre os mamíferos, o destaque é o lobo-guará, típico da América do Sul. Tem também a beleza do curioso veado-catingueiro e, ainda, uma infinidade de pássaros como as araras-canindés e o gavião casaca-de-couro, entre outros.

O ribeirão Piracicamirim, afluente do rio Piracicaba, atravessa uma das reservas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Foto: Reprodução

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O campus de Ribeirão Preto também está instalado em uma antiga fazenda de café, considerada uma das maiores extensões de área verde da região. Destaca-se pela grande diversidade da flora e fauna que resulta das ações de reflorestamento. “O campus também é uma das maiores extensões de área verde da região, representando cerca de um quinto de toda a cobertura vegetal do município.”

A população da cidade e de outras regiões faz questão de apreciar a beleza das árvores, como a exuberância do ipê-branco no final do inverno. Há cerca de 15 espécies de mamíferos, como os saguis-de-tufo-preto e a raposa-do campo. “A fauna e a flora têm exemplares de dois importantes e ameaçados biomas brasileiros: a Mata Atlântica e o Cerrado.”
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As três reservas do campus da USP em São Carlos contribuem para promover a sustentabilidade.

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Instalado na “capital da tecnologia”, como é conhecida a cidade de São Carlos, o campus da USP, não por acaso, é ali representado por cursos das ciências exatas. “O crescimento da Universidade no município trouxe a necessidade de expandir seus limites. Em 2005, foi criado o campus II, próximo às instalações já existentes”, esclarece o grupo de pesquisadores de São Carlos. “Com uma área de 102 hectares, nasceu com o propósito de ser um campus sustentável, buscando a conservação e a recuperação das áreas naturais e a participação da comunidade do entorno nos planos e nas ações desenvolvidas.”

O novo livro da Edusp – Imagem: Reprodução (Clique na imagem para ampliar)

As reservas estão localizadas às margens de três afluentes do córrego Mineirinho, que desemboca no rio Monjolinho, principal curso d’água da cidade. Apresenta 120 espécies vegetais arbóreas, sendo a maioria nativa. Encanta com a variedade de aves nativas, como o sabiá-laranjeira, o anu-preto, aves de rapina e o carcará.

A USP marca presença no Vale do Paraíba com o campus de Lorena. Foi criado em maio de 2006 e está localizado entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. “Para preservar as matas ciliares, foram designadas duas reservas ecológicas dentro desse novo campus da USP. São 12 hectares destinados à preservação, cerca da metade da área total do campus”, esclarecem os pesquisadores. “Como a região já foi muito explorada, atualmente conta com poucos fragmentos de floresta nativa, mas tem bom potencial para projetos de recuperação.”

Reservas Ecológicas da Universidade de São Paulo, organização de Wellington Delitti e Vânia Pivello. Lançamento da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), 176 páginas. Preço: R$ 48,00.

Leia mais: Reservas ecológicas ocupam 30% do território da USP
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