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A Ilha Anchieta, localizada no município de Ubatuba, em São Paulo, é uma área de proteção ambiental e a segunda maior ilha do Litoral Norte do Estado. Possui 17 km de costões rochosos e sete praias de águas cristalinas que contrastam com o verde da Mata Atlântica. Esse paraíso da natureza, que não tem moradores, também guarda histórias misteriosas e interessantes, desde a época dos Tupinambás, passando pela ocupação como ponto de defesa na colonização portuguesa, local de quarentena para doentes de febre amarela e, ainda, como prisão política.
Foi nesse ambiente, e ouvindo algumas histórias, que dois pesquisadores resolveram contar o dia a dia de uma viagem de campo na ilha. Gabriela Longo e Lucas Andrade, ambos formados pelo Instituto de Biociências (IB) da USP, ficaram durante um mês à procura de um animal difícil de encontrar: a raia-chita, tipo de raia preta com pintinhas brancas que está em risco de extinção na lista global de ameaça às espécies. Faltam dados sobre suas aparições no Brasil. “Apesar de chamar a atenção pela sua beleza, é um predador que tem um papel de regular o ecossistema em que vive. Por isso é um indicador biológico do grau de conservação do ambiente”, destaca Gabriela, que hoje é mestranda no Programa Interunidades em Ensino de Ciências na USP.
No último dia da viagem, eles encontraram a raia-chita e fizeram um registro inédito, que será documentado em nota científica e é um dos temas do podcast Sinal de Vida, produção que está disponível nos principais agregadores como Spotify, Apple Podcasts e Deezer e também no site do projeto neste link. O podcast foi lançado no dia 8 de junho, Dia Mundial dos Oceanos, durante a décima edição da Semana do Mar, no Aquário de Ubatuba. Na primeira semana de estreia, figurava como um dos 20 podcasts mais ouvidos no Spotify na categoria Ciência. No Apple Podcasts, o Sinal de Vida chegou ao segundo lugar na categoria Natureza.
“O podcast traz não só a história da busca pela raia-chita, mas também das nossas vidas, de descobrir nossos caminhos, e de quando acabamos encontrando a própria história da ilha, histórias de pessoas que moraram e morreram lá, e também daquelas ficaram presas no local”, explica Gabriela. “Sinal de Vida significa a busca dessas pistas, como um radar em busca de sinais, por isso esse nome.”
Lucas, parceiro de Gabriela neste trabalho, aproveitou os conhecimentos adquiridos na especialização em Comunicação Pública da Ciência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para ajudar a criar um podcast narrativo, como se fosse um documentário em áudio, em que a história e os personagens são o centro da produção. “É como se fosse uma novela ou série de televisão, quando temos um roteiro e diversas camadas de narrativas: a da raia-chita, a da nossa vida e a da história da ilha”, explica Gabriela. “Vamos contando estas três histórias juntas, com algumas entrevistas com pesquisadores no meio dessa narrativa.”
A produção foi aprovada em edital do Instituto Serrapilheira, instituição dedicada a fomentar pesquisas de excelência e iniciativas de divulgação científica no País, que ofereceu apoio financeiro, um curso de podcast e uma mentoria que auxilia no planejamento dos episódios. Um site com ilustrações interativas e produção visual realizada por Lucas também busca deixar o conteúdo em áudio mais atrativo, além de fornecer mais informações sobre os temas abordados. Fotos e vídeos fornecem conteúdos adicionais.
Histórias que se cruzam
Os podcasts estão sendo liberados a cada semana e já são três episódios disponíveis. No primeiro deles, O Planeta da Raia-Chita, os pesquisadores explicam sua jornada como voluntários do projeto Mergulhando na Conservação, dos pesquisadores Thamiris Karlovic e Lucas Citele, que busca dados sobre a raia-chita no Brasil. Apresentam o animal que estão buscando e sobre o que levou os dois amigos a pausar suas vidas e mergulhar de cabeça nessa aventura. Clique no player abaixo para conferir:
O segundo episódio, O Velho da Estátua, aborda a rotina de mergulhos, além de encontros com diversos animais marinhos e terrestres, e novas amizades com os outros voluntários que estão na ilha. Também buscam responder um mistério sobre a estátua que fica ao lado do alojamento dos pesquisadores e, com isso, encontram informações importantes sobre a ilha e sobre o fazer científico.
Feras Humanas, o terceiro episódio, narra como a equipe de voluntários fica mais próxima de encontrar a raia-chita e do sentimento de querer saber mais sobre a ilha. Ao se deparar com ruínas de um antigo quartel-general durante uma trilha, o grupo quer buscar mais respostas para entender o que aconteceu lá.
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A programação dos próximos episódios são Os Espíritos da Ilha, disponível no dia 22 de junho; O Grande Dia, no dia 29 de junho; e Recomeço, no dia 6 de julho.
Acompanhe os episódios nos principais agregadores Spotify, Apple Podcasts ou Deezer e também no site do projeto neste link.
