Novo grupo da USP vai investigar oportunidades na área de Soluções Baseadas na Natureza

Grupo de pesquisadores ligados ao Instituto de Estudos Avançados da USP quer organizar informações e conceitos associados ao tema e definir uma estrutura teórica para identificar oportunidades

 03/05/2023 - Publicado há 1 ano
Projeto prevê desdobramentos concretos e aplicáveis – Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

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Consideradas por alguns integrantes da academia tema-chave para promover a sustentabilidade planetária, as Soluções Baseadas na Natureza (SBN) terão novos representantes na pesquisa realizada na USP. Foi aprovada, no mês de março, a criação do Grupo de Estudos Soluções Baseadas na Natureza, ligado ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, com a coordenação de professores do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq): Weber Antonio Neves do Amaral, como coordenador, e Francides Gomes da Silva Junior, como vice.

Desde 2022, o programa Biota Síntese já desenvolve no IEA um amplo projeto sobre as SBN, ou Nature Based Solutions (NBS). Para explicá-las, o núcleo utiliza a definição da União Europeia: as SBN são “soluções inspiradas, apoiadas ou copiadas da natureza, concebidas para enfrentar os desafios da sociedade de forma eficaz e a baixo custo, proporcionando simultaneamente benefícios ambientais, sociais e econômicos e ajudando a construir sistemas resilientes”.

Powerhouse

O coordenador Weber Amaral e o vice-coordenador Francides da Silva Junior – Fotos: Mauro Bellesa/IEA e Arquivo pessoal

De acordo com o projeto apresentado pelo novo grupo de estudos, o Brasil é um powerhouse de SBN, mas para que o País possa capturar este potencial, há a necessidade de organizar informações e conceitos associados ao tema, definindo um framework (estrutura) teórico ou conceitual e, assim, estabelecer quais oportunidades podem ser identificadas e desenvolvidas.

As SBN são uma expressão cunhada pela maior organização internacional dedicada à conservação dos recursos naturais: a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). O texto do projeto informa que “a literatura científica tem trazido recentemente a ligação de SBN com mudanças climáticas e oportunidades para redução das emissões e de sequestro de carbono”. Destaca ainda a criação recente de uma nova revista científica para tratar do assunto com mais profundidade e especificidade.

“SBN podem ser entendidas como um termo guarda-chuva, que abrange várias ações ou iniciativas ambientais, como restauração de paisagens florestais, adaptação às mudanças climáticas baseada em ecossistemas, restauração ecológica e proteção de unidades de conservação. Essas ações ocorrem em diferentes escalas e em diferentes ambientes, desde telhados verdes e biovalhas em ecossistemas urbanos, até a implantação de novas áreas úmidas ou a restauração de extensas áreas de vegetação nativa em ambientes rurais”, segundo definição do Biota Síntese.

Os coordenadores consideram que há uma carência de melhor entendimento do tema e a necessidade de se passar por um crivo científico e metodológico para a melhor compreensão das oportunidades, dos riscos e dos possíveis benefícios financeiros para todos os envolvidos. “E, em especial para o Brasil, sobre o que vêm a ser estas soluções, as quais precisam ser qualificadas e quantificadas adequadamente para que possamos ter um plano de ação na esfera da ciência e do desenho das políticas públicas, que as suporte ou que elimine barreiras que impeçam a sua adoção plena, quando oportunas e aplicáveis, especialmente na geração de opções para redução das emissões dos gases de efeito estufa e créditos de carbono.”

Viabilização em larga escala

O projeto prevê desdobramentos concretos e aplicáveis, considerando o desafio de sua implementação em larga escala a partir de dados cientificamente comprovados e de excelência.

Os coordenadores destacam ainda que o tema de soluções baseadas na natureza tem caráter interdisciplinar e possui escopo amplo em pelo menos cinco grandes áreas: Ciências Exatas e da Terra, Ciências Agrárias, Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Economia, Saúde Coletiva e Direito.

O grupo conta com a participação de membros de outras instituições brasileiras, como Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), ArqFuturo (InsperCidades) e The Nature Conservancy Brasil (TNC).

Haverá também a colaboração de parceiros internacionais: University of Colorado (Universidade do Colorado), Stockholm Environment Institute (Instituto Ambiental de Estocolmo), Technical University of Denmark (Universidade Técnica da Dinamarca), Banco Mundial e Ellen MacArthur Foundation (Fundação Ellen MacArthur).

Ao longo de dois anos de trabalhos, duração inicial prevista para o grupo, os pesquisadores pretendem traçar um mapa das oportunidades para projetos de inovação em soluções baseadas na natureza. Planejam, ainda, fazer recomendações de políticas públicas integradas com outras políticas associadas às interfaces entre conservação da biodiversidade, mudanças climáticas e escalabilidade das soluções, que poderiam gerar valor, possíveis créditos de carbono e de outros serviços ambientais, complementando as soluções tecnológicas voltadas para o clima e bem-estar.

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Texto: Leandra Rajczuk Martins, da Comunicação do IEA-USP


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