Jovens cientistas desenvolvem projetos por um Brasil melhor; mostra acontece no campus da USP em São Paulo

Estudantes de todo o Brasil se reúnem nesta semana no Centro de Inovação da USP, no bairro do Butantã, para participar da 22ª edição da Febrace

 20/03/2024 - Publicado há 1 mês     Atualizado: 04/04/2024 as 9:54

Texto: Leila Kiyomura

Estudantes na Febrace 2024: Letícia Sandim Rodrigues, Giovana Maria Cerqueira Braga, Diana da Silva Alvarenga - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Eles atravessaram o País viajando dia e noite de ônibus para apresentar seus projetos e protótipos na 22ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Com o apoio da Escola Politécnica (Poli) da USP, é a maior feira de ciências e engenharia do Brasil, para garantir melhor qualidade de vida, saúde, agricultura sustentável, preservação do meio ambiente e outras demandas da sociedade. É na expectativa de um país e de um planeta saudáveis e mais humanos que 498 estudantes do ensino básico, fundamental e técnico das escolas públicas e privadas de todo o País estão reunidos neste evento, desde terça-feira, dia 19 de março, até o próximo dia 22, no prédio do Inova USP na Cidade Universitária, no bairro do Butantã. Também é possível acompanhar os projetos on-line na mostra virtual da Febrace neste link.

“Nós estamos apresentando o projeto que vai levar água para a região do Nordeste, que sempre esteve imersa na seca. Queremos mostrar uma solução que pode ajudar nas dificuldades hídricas e na sua grande diversidade de culturas vitais para a economia local, como castanha de caju, banana, algodão, feijão, mandioca, milho, café e feijão.” Os pesquisadores Ana Clara Umbelino de França e Felipe Gomes Belizário, ambos de 17 anos, são do Colégio Adventista de Caruaru. Apresentam detalhes do estudo e experiências que desenvolveram há mais de ano. Falam animados. “Saímos de casa no sábado e chegamos na segunda. Mas ficamos tão animados para participar da Febrace que nem percebemos o tempo passar”, conta Ana Clara.

Felipe Gomes Belizário e Ana Clara Umbelino de França, no centro, com os professores orientadores - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O professor e orientador João Paulo da Silva, que acompanhou as pesquisas no decorrer do ano, explica que, no início, os estudantes observaram a aplicação de hidrogel no processo de irrigação sustentável. “Entretanto, concluíram que o hidrogel é uma solução que possui poliacrilato de sódio, ou seja, uma mistura prejudicial no desenvolvimento das plantas. Optaram, depois de muitas pesquisas, por uma camada de fibra de coco como solução evitando o contato do hidrogel com a terra e uma possível contaminação. Por ser matéria orgânica, a fibra de coco é um ótimo filtrador natural, além de não poluir o solo, impede a passagem de sais, bactérias e cianobactérias que podem estar por ali presentes.”

O objetivo é utilizar a tecnologia, produtos e recursos para garantir a qualidade de vida e inclusão social”

São projetos que aproximam todas as áreas do conhecimento. Os jovens cientistas do Colégio Estadual Ana Lúcia Castelo Branco, em Brejões, na Bahia, pesquisaram e desenvolveram, no decorrer de três anos, um estudo considerando os sete milhões de pessoas no Brasil com problemas de deficiência visual.

Taís Soares, Mikael Bispo, Tainá de Jesus, sob a orientação de Elifá Miranda Mascarenhas e Eberson Marques Jesus Andrade, apresentam “dispositivos detectores de obstáculos para deficientes visuais”. Apresentam dois sensores ultrassônicos, um no boné e outro no cinto. “Esses sensores emitem um sinal de onda na frequência do ultrassom e quando a pessoa se aproxima de um obstáculo, ela recebe um alerta”, explica Taís. “O objetivo é utilizar a tecnologia, produtos e recursos para garantir a qualidade de vida e inclusão social, promovendo a funcionalidade e mobilidade das pessoas com deficiências visuais.”

Taís Soares, Tainá de Jesus e Mikael Bispo na Febrace 2024 - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Maria Clara Moreira Bonfim, 19 anos, do Instituto Federal do Ceará, campus Crateús, também está empenhada na saúde da população. “Junto com o meu orientador, professor Raimundo Nonato Lima Júnior, desenvolvemos o Aqua Solis: Sistema Solar de Purificação de Águas”, esclarece. “Nosso objetivo é produzir um sistema de tratamento de água de baixo custo, movido a energia solar, como um dispositivo para promover o acesso à água de qualidade para milhões de famílias em todo o mundo.”

Maria Clara Moreira Bonfim, do Instituto Federal do Ceará - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A criação de um robô para reconhecimento e localização de vítimas de afogamento é a proposta apresentada na Febrace por Maria Isabelle Rocha, Otávio Augusto Souza Abreu e Thadeu da Silva Souza, do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará,  em Fortaleza. “Nós usamos a tecnologia para elaborar um robô que irá ajudar a encontrar e salvar as pessoas que caem no mar ou são vítimas de afogamento. Já fizemos vários testes e todos positivos”, esclarece Otávio.

Os estudantes Otávio Augusto Souza Abreu e Maria Isabelle Rocha e o orientador Thadeu da Silva Souza, do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O público tem a oportunidade, até esta quinta, dia 21 de março, de observar os 226 projetos finalistas da Febrace.  “A maior parte dos projetos está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS] da ONU”, explica a professora e coordenadora-geral, Roseli de Deus Lopes. “Em cada edição da Febrace, os estudantes apresentam soluções criativas para problemas reais das comunidades em que estão inseridos ou mesmo para problemas complexos que afligem o planeta, e o rigor na aplicação de métodos de pesquisa científica e tecnológica também é cada vez maior.”

Roseli de Deus Lopes, professora da Poli e coordenadora do evento, na abertura da Febrace 2024 - Foto: Divulgação/Febrace

Participam da Febrace projetos que foram inscritos por estudantes matriculados no 8º e 9º ano do ensino fundamental, ensino médio ou técnico de instituições públicas e privadas de todo o Brasil, e que se enquadram nas áreas das Ciências (Exatas e da Terra, Biológicas, da Saúde, Agrárias, Sociais e Humanas) e Engenharias.

Durante a Mostra Presencial, os projetos finalistas são avaliados, e identificados os primeiros, segundos, terceiros e quartos lugares de cada categoria – e contemplados com troféus, medalhas e certificados, na cerimônia de premiação na sexta-feira, dia 22 de março. Diversas instituições públicas e privadas também oferecerão prêmios, como estágios, bolsas de estudo, equipamentos eletrônicos, visitas técnicas e credenciais para participação em outras feiras nacionais e internacionais. 

Ainda serão selecionados nove projetos, cujos autores irão representar o Brasil na maior feira pré-universitária do mundo: a Regeneron ISEF (International Science and Engineering Fair), que será realizada no mês de maio de 2024, nos Estados Unidos. 

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A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) está sendo realizada no piso térreo do Inova USP (Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 370, Cidade Universitária, Butantã, São Paulo). A Mostra Presencial vai até esta quinta, dia 21. Na sexta, dia 22, haverá a cerimônia de premiação dos projetos vencedores. A entrada é gratuita. 

Confira a mostra virtual dos projetos em: www.febrace.org.br/virtual. Mais informações na página da Febrace.

Confira mais imagens da Febrace 2024

Fotos: Marcos Santos/USP Imagens


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