No início de setembro, um filhote de seriema passou em frente a um laboratório da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. A ave poderia ter passado despercebida se não fosse o local: um laboratório voltado justamente à ecologia e à conservação da fauna silvestre, o LEMaC.
Os ornitólogos do LEMaC decidiram capturar o filhote para fazer a marcação com duas “pulseiras”: uma anilha metálica padrão Cemave, que é um centro de pesquisa e conservação do ICMBio, e uma anilha branca.
“Fizemos essa marcação pois temos um projeto chamado Eu Vi uma Ave Usando Pulseira?! sendo executado no laboratório. Esse projeto tem como objetivo testar o envolvimento do público geral no monitoramento de aves em ambientes urbanos e rurais da região”, conta Eduardo Roberto Alexandrino, um dos ornitólogos do laboratório. Ele destaca ainda que “embora o projeto tenha sido idealizado para aves florestais, quando vimos a seriema, não pensamos duas vezes e resolvemos testar se funcionaria na Esalq.”
Depois de receber as pulseiras, o filhote foi solto no mesmo lugar onde os pesquisadores o capturaram. No dia seguinte, cientistas espalharam mensagens nas redes sociais incentivando as pessoas a monitorar o animal no campus.
O objetivo é observar se ele vai crescer de forma segura em meio aos perigos do campus, como gatos, cachorros e carros. E ele não é filho único: a ninhada também inclui outro filhote. Uma das preocupações dos pesquisadores é a “tranquilidade” dos pássaros, pois estão crescendo em um ambiente repleto de pessoas.
Segundo Alexandrino, a comunidade do campus se engajou na proposta. “Conseguimos juntar dados muito ricos com um baixo custo e em um curto período de tempo, algo muito difícil de realizar via métodos tradicionais da ornitologia”, relatou o pesquisador.
Mais de 50 alunos, funcionários e pessoas passaram pelo campus durante o primeiro mês. Muitos deles enviaram comentários sobre os locais onde viram o filhote e sua família. Os relatos mostram que o animal foi visto em pontos diversificados do campus, como a Casa de Hóspedes, o gramado em frente do edifício central, o Departamento de Entomologia e Acarologia, entre outros.
De acordo com Alexandrino, é comum ver seriemas nas áreas rurais da cidade. “Não sabemos se essa família que está no campus é a mesma que vivia nas áreas rurais da cidade ou se é uma nova família”, relatou o pesquisador.
Viu uma Ave Usando Pulseira?
Para ajudar na pesquisa, mande fotos da seriema com o local do campus em que foi encontrada e horário pelo e-mail avesusandopulseiras@gmail.com ou publique no grupo público da Esalq do Facebook.
Acesse a página do projeto e a versão em inglês.
Adaptado da Divisão de Comunicação da Esalq