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No mês passado, diversos sites noticiosos registraram o diálogo entre um aluno de Direito da USP e seu professor, um ministro do Supremo Tribunal Federal, durante uma aula. O estudante questionava o valor elevado dos auxílios recebidos por juízes, em contraposição às más condições da Casa do Estudante, como é chamada a moradia da Faculdade de Direito (FD) da USP, na capital paulista.
O local fica na Av. São João, na região central de São Paulo, e foi inaugurado em 1949. Desde então nunca recebeu uma reforma estrutural, apenas manutenções pontuais. A casa comporta 73 pessoas, selecionadas a partir de critérios de renda e de vulnerabilidade social, que convivem diariamente com vazamentos, elevador quebrado, paredes descascadas, fios soltos e vidros quebrados.
“Precisamos fazer tudo: manutenção hidráulica, elétrica, estrutural e analisar o arranjo dos quartos”, explica o secretário geral da casa, Gabriel Prado. Estudante do quarto ano, ele mora no local e afirma que a reforma dobraria o número de vagas – uma mudança importante, já que com a política de cotas adotada na Universidade a demanda aumentou. Os quartos, atualmente, são grandes e individuais. Isso porque a casa foi construída para receber jovens de classe média que moravam fora de São Paulo, sem o caráter social que têm hoje, voltado à permanência estudantil.
São necessários R$ 500 mil para a reforma planejada pelos alunos, que pretendem arrecadar o valor a partir de uma campanha de financiamento coletivo. A demanda é antiga. Segundo Gabriel, há pelo menos 10 anos já se fala na necessidade de reavaliar as estruturas da casa.
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O dinheiro para a manutenção da moradia vem de um repasse do Centro Acadêmico XI de Agosto. Trata-se de parte da rentabilidade de um fundo de investimento doado por um ex-aluno à instituição. Até o ano passado, essa cota equivalia a R$ 4 mil mensais, mas desde o ano passado, após reivindicações de várias diretorias, o valor subiu para aproximadamente R$ 24 mil. O valor é usado para pagamento de água, luz, manutenção de elevadores, segurança, limpeza de áreas comuns e consertos. Com mais recursos, já foi possível criar uma área de lavanderia e instalar internet.
Mas a ideia é melhorar muito mais. Para isso a Casa do Estudante contou com apoio de duas organizações de alunos da própria Universidade: a FAU Social, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, que desenvolveu o projeto de reforma das áreas externas; e a Poli Júnior, da Escola Politécnica, responsável pelo projeto para os apartamentos. Tudo isso sem custo algum. A reforma prevê adequação às normas de segurança contra incêndio, troca de interruptores, instalação de lâmpadas, bicicletário, reparos no telhado, forro, piso e paredes, entre outros.
Até o momento a campanha recebeu 19 contribuições. Pessoas físicas ou jurídicas podem fazer doações de qualquer valor até o final de novembro.
Mais informações: https://www.casadoestudantesf.com.br/reforma