Trânsito mais seguro: respeito às leis, convívio pacífico e responsabilidade

Jorge dos Santos Silva, ao comentar a situação da segurança do trânsito, afirma que os acidentes afetam também a estrutura do País

 Publicado: 08/05/2024
Entre 2010 até agora, há uma estimativa de que foram mais de 300 mil pessoas no Brasil com sequelas importantes ou incapacidades definitivas – Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde – Flickr-CC
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O assunto é um tema tanto de segurança quanto de saúde pública. Para além da tragédia pessoal, os acidentes no trânsito são um grande baque para a organização pública. Para comentar o tema, o convidado é Jorge dos Santos Silva, diretor clínico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ele reconhece que os acidentes são, por si sós, uma tragédia, mas que afetam também a estrutura do País: “Algo que impacta muito é a internação dos pacientes, o que sobrecarrega o nosso sistema de saúde, consome recursos”. Socorrer tantas vítimas de trânsito afeta até pacientes que nada têm com isso e prejudica o bom funcionamento dos hospitais.

O sistema previdenciário é outro afetado. Conforme as pessoas se acidentam e são impossibilitadas de trabalhar, deixam também de contribuir para o INSS. Segundo Silva, isso é mais uma consequência sistêmica que a insegurança no trânsito traz para o País.

Quem são as vítimas

Jorge dos Santos Silva – Foto: FMUSP

A seriedade dos números fala por si só. Segundo o médico, “entre 2010 até agora, há uma estimativa de que foram mais de 300 mil pessoas no Brasil com sequelas importantes ou incapacidades definitivas”. Destes, a maioria dos envolvidos foi do segmento adultos jovens. Silva afirma: “O maior perfil da vítima do acidente de trânsito é na faixa dos 20 até uns 45 anos. Isso representa quase que 60% dos envolvidos em acidentes de trânsito”.

Já sobre os meios de transporte mais envolvidos em acidentes, o especialista afirma que são as motos. Isso se deve a dois fatores, segundo ele. O primeiro é que “há um crescimento da frota de motocicletas nos últimos 13 anos, quase que dobrou de 2010 para 2023. De 13 milhões, quase 14 milhões de motocicletas [em 2010], temos em 2023 cerca de 27 milhões de motocicletas”.

Já o segundo fator é a imprudência de muitos desses motociclistas. Ele comenta: “Eles adquiriram um hábito de não respeitar os faróis, de trafegar na contramão. Isso obviamente motiva um aumento no número de eventos”.

Pontos de atenção

Jorge Silva aponta três principais questões para se ter em mente. “Primeiro há a necessidade de nós estabelecermos um convívio pacífico no trânsito, seja nos grandes centros urbanos, seja nas pequenas cidades e nas estradas.” Isso significa uma melhor educação das pessoas e um respeito mútuo do espaço, evitando conflitos e intrigas.

O segundo ponto é o respeito às leis de trânsito. O médico afirma que elas são de extrema importância e não raramente são ignoradas: “Elas não existem por acaso, elas existem para que tenhamos um trânsito civilizado e humano”.

Já o terceiro é a responsabilidade individual. É importante que o condutor esteja em boas condições físicas, mentais e sóbrio; na realidade, essas condições nem sempre são atendidas. O especialista lembra a alta ocorrência de acidentes ocasionados por consumo de álcool e outras drogas, o que impede uma melhoria significativa da situação no trânsito.


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