Pesquisadores da USP desenvolvem patente que previne o assoreamento dos rios

Demetrio Zachariadis explica que a tecnologia possui independência energética e baixo custo

 Publicado: 16/07/2024
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Assoreamento é um dos problemas encontrados em córrego de São Carlos – Foto: Divulgação/IAU/USP/Governo do Estado de São Paulo
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O assoreamento dos corpos d’água é um processo caracterizado, basicamente, pelo acúmulo de sedimentos em seu leito e esse excesso de material dificulta a navegabilidade do rio, o seu aproveitamento e, especialmente, pode ocasionar enchentes urbanas. Apesar de ser um processo natural, a ação humana — como a retirada da cobertura vegetal das margens dos rios — intensifica suas consequências e, até mesmo, sua ocorrência.

Com o objetivo de solucionar esse problema, o professor Demetrio Zachariadis, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP, é um dos inventores de uma tecnologia que apresenta um sistema de desassoreamento com independência energética. “É o depósito de partículas que são carregadas pela água, perdem velocidade, ficam depositadas sobre o fundo desse corpo de água e, com o passar do tempo, a profundidade vai diminuindo. Então, quando aquela quantidade de água passar ou ser armazenada, acaba ocupando uma área maior e situações de chuvas intensas podem provocar alagamentos”, explica.

Funcionamento

Demetrio Cornilios Zachariadis -Escola Politécnica da USP – Foto: Arquivo Pessoal

A patente Desassoreador Preventivo com Gerenciamento de Energia não é ligada à rede de distribuição de energia, sendo composta apenas de uma pequena plataforma flutuante que possui alguns painéis solares, um mastro com turbina eólica e baterias. Assim, é posicionada no corpo d’água que deseja desassorear, onde ocorre sua autonomia energética: captação de energia solar e eólica; transformação em energia elétrica; orientação para o acionamento da bomba de sucção, responsável por extrair as partículas acumuladas; e, por fim, o material é jogado para outra balsa, onde passará por uma filtragem. “A parte da água que foi filtrada volta para o leito e aquele resíduo é armazenado na balsa flutuante ou é jogado diretamente para a margem do corpo da água”, descreve o especialista. 

Diferentemente de como é feito atualmente, a tecnologia é para ser utilizada como método de prevenção e não de solução. Segundo Zachariadis, as autoridades esperam ocorrer o alagamento para, só depois do incidente, colocar grandes equipamentos para realizar uma limpeza intensiva e “resolver o problema”, no entanto, ele adverte que, com o passar do tempo, a tragédia acontece novamente, é um problema cíclico.

“Você posiciona um ou mais desses assoreadores em corpos de água e eles fazem um trabalho contínuo, sempre tirando aquilo que é depositado no fundo. É uma operação em pequena escala, mas que tem um caráter mais de manutenção ou até de prevenção”, destaca.

*Estagiário sob a supervisão de Marcia Avanza e Cinderela Caldeira


Momento Tecnologia
Produção: Felipe Bueno J. Perossi
Edição de som: Felipe Bueno
Produção geral:  Cinderela Caldeira
E-mail: ouvinte@usp.br
Horário: Quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35

O Momento Tecnologia vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35 – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast  Veja todos os episódios do Momento Tecnologia

 

 


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