A denúncia de uso irregular de terras indígenas yanomamis mostrou ao País e ao mundo uma devastação ambiental nunca antes vista. A falta de fiscalização fez com que parte da região Norte do Brasil, na divisa com a Venezuela, fosse arruinada por garimpeiros ilegais, que buscam a extração de minerais – no caso, ouro – nos territórios indígenas. Todos os garimpos existentes em Roraima são ilegais e estão localizados em terras de povos originários.
O professor Giorgio de Tomi, do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica da USP e dirigente do Núcleo de Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável, explica que toda a extração local é feita de forma irregular. É importante ressaltar que a exploração minerária em áreas protegidas não é permitida. Ela precisa ser realizada de forma autorizada por diversas frentes, que vão desde o Congresso até o Conselho Nacional de Defesa.
Porém, existem maneiras sustentáveis de extrair minérios dessas áreas, principalmente com um plano de recuperação do território após a extração. Levantamento feito pela Agência Nacional de Mineração mostra que 4.250 requerimentos foram feitos para a exploração de terras indígenas, dos quais 90% envolvem solicitação para a exploração de 66 substâncias no solo. O ouro é o principal minério incidente em terras originárias.
Doenças e violência
O garimpo traz doenças, violência, desmatamento, assoreamento de rios e contaminação por metais pesados como mercúrio. O meio ambiente é prejudicado, independentemente do metal extraído do solo. O pesquisador da USP ressalta que existem exemplos positivos fora do País, como na cidade de Yukon, no norte do Canadá, onde conflitos como esses puderam ser resolvidos de forma harmoniosa.
Apesar do grande mal causado ao meio ambiente, é possível a recuperação do solo, vegetação e rios com três passos importantes: recursos, custos e tempo. A transição energética deve ocorrer até o final deste século, por isso a importância da “pequena mineração” e sua fomentação de forma sustentável.
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