Não tratem as máquinas como amigos, pois são coisas, não gente

Glauco Arbix busca argumentos para afirmar que, apesar de todos os avanços e surpresas que possam oferecer, as máquinas não são seres humanos, uma vez que são destituídas de moral e sentimentos

 25/04/2023 - Publicado há 1 ano

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A evolução e surpresas causadas pelos novos assistentes de voz tipo ChatGPT continuam “sacudindo” a comunidade de cientistas e pesquisadores e de interessados, que encontram nesses ou nessas assistentes de voz, de imagem e de texto algo parecido com o que os humanos fariam. Nada mais enganoso, segundo o professor Glauco Arbix, que chega a citar em sua coluna um diálogo entre um ser humano e uma dessas máquinas.

“Estamos mais uma vez afirmando que as máquinas podem ser humanas. Eu acredito que, por mais tentador que seja, isso não ajuda, atribuir consciência moral e sentimentos para as máquinas, não é disso que se trata, nós temos assistentes que são baseados na aprendizagem de máquina, em estatística avançada”, diz Arbix. “Elas não sabem entender o significado de suas próprias palavras, elas podem ajudar muito a pesquisa científica, os negócios, as pessoas, mas, ao mesmo tempo, elas são muito instáveis. Elas não têm nenhum compromisso com verdade, falam muitas vezes disparates, né?”
Para Arbix, é fundamental que haja regulação pública a respeito desse assunto, “que as empresas que trabalham com isso sejam obrigadas a trazer algo do tipo marca d’água, que identifica o que é da máquina e o que é humano. Acredito que a gente tem como desenvolver detectores, formas de detectar o que é da máquina e o que é humano. Em outras palavras, nossa sociedade precisa ter formas de se defender de máquinas que podem cuspir mentiras e podem cuspir desinformação, podem cuspir fake news o tempo todo. É fundamental a intervenção do setor público; e um aviso para as pessoas: esses assistentes podem ser divertidos para a gente fazer perguntas, podem nos ajudar nas nossas atividades, mas, por favor, não tratem eles como seus amigos – são coisas, são máquinas, não são gente”, finaliza o colunista.

Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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