ChatGPT, bem utilizado, pode desenvolver conhecimento e ajudar na formação do pensamento crítico

Com potencial para mudar a cultura escolar, a ferramenta é complementar e pode auxiliar alunos e professores, mas não tem como substituir a capacidade humana de julgar, avaliar e compreender informações

 01/05/2023 - Publicado há 12 meses     Atualizado: 02/05/2023 as 10:24
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O meio acadêmico se mobiliza para lidar com o ChatGPT da melhor maneira possível – Fotomontagem: Jornal da USP – Fotos: Pexels, Wikipedia e Wikimedia Commons
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O ChatGPT é um sistema baseado em inteligência artificial, também conhecido como chatbot ou robô de bate papo. A ferramenta ficou famosa pela capacidade de manter coesão e coerência na elaboração de respostas simples, exercícios matemáticos e textos, a partir de vieses mediados por algoritmos, colocando em xeque a criatividade e o pensamento crítico humano.

É cedo para dimensionar os impactos do ChatGPT em sala de aula, segundo a avaliação de Rogério de Almeida, especialista em Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP. “É uma ferramenta que está em desenvolvimento, portanto, tem muitas limitações ainda. Mas tem um grande potencial de causar mudanças na cultura escolar”, pondera. Para ele, a questão é se a tecnologia será bem utilizada ou não: “Se ela for utilizada com a mediação adequada do professor, pode contribuir para a formação crítica. Antes, é importante a gente lembrar que o ChatGPT, por si só, não pensa, não sente, não imagina e, portanto, não produz conhecimento, ele antes organiza os saberes que nós mesmos produzimos e publicamos na internet”. 

Rogério de Almeida – Foto: Victória Tambara

Almeida categoriza o ChatGPT como uma ferramenta complementar, capaz de armazenar dados e organizar informações. A partir dele, é possível desenvolver os conhecimentos, principalmente de maneira crítica, a partir da capacidade propriamente humana de julgar, avaliar e compreender algo que deverá ser desenvolvido pelos alunos. Ele ressalta que o professor deve fazer a mediação entre a tecnologia e o aluno.

“Não é o computador, a internet, ou o ChatGPT que vão tornar a aula melhor. O aprendizado tem a ver com a produção conjunta de saberes, tanto por parte tanto dos alunos quanto dos professores, então envolve necessariamente essa dimensão humana, a qual nenhuma máquina consegue substituir”, afirma Almeida. Habilidades como o senso crítico, curiosidade, afeto e empatia são fundamentais nas relações educacionais. Ele conclui o raciocínio: “É possível conciliar a inteligência artificial com o aprendizado de qualidade, desde que preservemos a dimensão humana própria da educação. Isso é um dos elementos da qualidade, além da criação de políticas públicas de remuneração e reconhecimento do trabalho do professor”.

Uma analogia possível para o entendimento de como o ChatGPT pode funcionar em sala de aula é com uma calculadora. A aprendizagem das operações matemáticas desenvolve o raciocínio lógico, então, é importante desenvolver isso. O ChatGPT funciona da mesma forma, embora seja um modelo de linguagem. Ele contribui para as formulações de texto, mas não deve substituir a produção de texto do aluno. 


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