Luli Radfahrer explica o que é NFT

O professor explica que a ideia do token não fungível é a associação da segurança das criptomoedas com a arte digital

 21/07/2023 - Publicado há 10 meses     Atualizado: 24/07/2023 as 8:12

Na coluna desta semana, o professor Luli Radfahrer explica o que é NFT.
NFT é token não fungível. Basicamente, é um certificado de autenticidade para um produto eletrônico. A princípio é uma ideia muito boa, porque você sabe que as coisas que estão na sua máquina, você cria uma cópia absolutamente perfeita. Você tem cópias perfeitas de documentos de texto, de imagem, de vídeo etc. O que é isso? É uma cópia que funciona como um certificado de autenticidade para impedir uma cópia de um produto digital.
Por que chamamos de não fungível? É só você pegar, por exemplo, a diferença entre um livro e 1 kg de ouro. Eu posso fundir 1 kg de ouro, posso transformar em outras coisas. Um livro, se eu tentar transformar em qualquer outra coisa, ele vai se destruir, ele vai perder o valor de livro.
Então, a ideia do token não fungível é a ideia de associar a ideia das criptomoedas, da segurança com a arte digital. Mas se é um certificado, por que tanta especulação? O mundo da arte é um mundo de especulação. Aliás, estamos juntando dois mundos especulativos: o mundo da arte e o mundo da criptografia.  A ideia aqui é que, pela primeira vez, eu posso ter um produto digital, uma foto, um GIF ou um desenho que é único, que não tem nenhuma cópia no mundo, o mesmo do meu, e a base de valor. O que a gente estabelece, a valor de uma obra de arte, de uma bolsa de marca, de um relógio que não é falsificado, é a ideia de que um produto é autêntico, é único. Então, quando surgiu, obviamente um monte de gente começou a fazer especulação em cima inflacionando loucamente o dinheiro, mas isso já tá caindo em desuso. Então o artista deixa de ser o dono da arte digital. É como deveria ser na verdade. Imagine assim: quando um artista, por exemplo, cria uma gravura, ele faz a matriz da gravura e aquela matriz é única. Daí ele vai fazer, por exemplo, uma série de 120 gravuras. As 120 gravuras ele vai numerar de um a 120. Talvez faça ainda algumas provas do autor, só para garantir que a gravura está pronta para sair e depois ele vai destruir a matriz, ou seja, ele não pode sair imprimindo mais cópias do mesmo jeito que o governo não pode sair imprimindo o dinheiro. Então, é a mesma ideia, como deveria ser no mundo da arte. Além da questão da autenticidade, a maior vantagem que esse sistema tem é a gente juntar isso com a ideia que as pessoas têm de muita falsificação e polarização nas redes sociais, fake news etc. Imagina que eu tenho uma fotografia autêntica e alguém pega essa fotografia da internet e falsifica essa fotografia. Depois ainda diz que fui eu que tirei aquela foto. Com a NFT associada à fotografia, eu posso provar que aquela não é a fotografia que eu tirei. Então, no fundo é uma evolução da arte.

Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.

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