Golpe militar em Mianmar é consequência de concessões de Aung San Suu Kyi

A líder civil, que venceu o Nobel da Paz em 1991, apoiava uma limpeza étnica no país e, para isso, contava com o apoio dos militares, que agora a golpeiam

 05/02/2021 - Publicado há 4 anos

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Os militares de Mianmar tomaram o poder do país na última segunda-feira (1º), após prender a líder civil do país, Aung San Suu Kyi. A ex-dama da flor, que venceu com ampla margem as últimas eleições, é assunto das colunas de Marília Fiorillo desde 2017. A professora relembra que, junto dos militares que agora a golpeiam, a vencedora do Nobel da Paz de 1991 “apoiava uma limpeza étnica dentro da Birmânia”.

“O que falta dizer é o apoio dela à limpeza étnica dos rohingyas. Isso já levou 750 mil pessoas a fugirem para Bangladesh.”

Em uma de suas colunas, Marília mencionava uma milícia de Mianmar que tinha como missão eliminar minorias. Esse grupo é conhecido como “Os Bin Ladens de laranja”. Durante o golpe, que instituiu Estado de emergência no país, foi possível perceber a presença de muitas pessoas vestidas de laranja. “No poder, ela fez todas as concessões possíveis aos militares, inclusive mantendo na Constituição a possibilidade da decretação do Estado de emergência”, relembra a especialista.

Apesar dos discursos da comunidade internacional, que rechaçam o golpe, a Birmânia só tem um padrinho respeitável, segundo Marília: a China. Contudo, “se houver sanções [por parte da China], serão cosméticas, porque a China falou que a questão é interna”. Aung, que sempre negou haver um genocídio dentro de seu país, chamou as pessoas para protestarem contra o golpe, no entanto, as pessoas correram para se abastecer de alimentos e tirar dinheiro dos bancos, prevendo o pior.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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