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A Europa estaria se suicidando?, pergunta Marília Fiorillo logo no início de sua coluna, referindo-se ao avanço da extrema-direita nas eleições do Parlamento Europeu, o qual, segundo ela, embora esperado, trouxe perplexidades e preocupações. “Os verdes encolheram bem nesse auge da calamidade climática, ou o eleitorado jovem se mostrou bastante simpático às confusas propostas da direita. As preocupações  já foram expostas à exaustão: o neonazismo saiu vitaminado, o racismo idem, e as duramente conquistadas pautas comportamentais, como o  direito ao aborto, sofrerão um recuo.” Há pesquisadores, no entanto, que levantam outro aspecto menos comentado: o avanço da extrema-direita no Parlamento Europeu seria uma vitória de Vladimir Putin. “Não é segredo que a extrema-direita europeia tem grandes afinidades com o regime ditatorial de Putin –  alguns até definem esse regime como cleptocracia vitalícia. Há nuances, sim, e, para além da idêntica truculência, xenofobia e desprezo pela democracia, a principal delas é o que fazer com a guerra na Ucrânia.”

Após analisar o tabuleiro político e o jogo de interesses que envolve os partidos conservadores europeus, Marília conclui que tudo corrobora para o fortalecimento da extrema-direita pró-Putin. “Tudo indica que, além do abandono da transição verde, o principal papel desta coligação extrema-direita/direita será demolir, de dentro, a União Europeia”, constata. “Não se trata apenas de uma eventual e indesejável invasão militar e anexação de regiões vizinhas. O maior risco é politico: minar os fragilizados fundamentos da democracia, infeccionando a Europa com o estilo russo de governar, que é assassinar abertamente opositores, sejam eles políticos, jornalistas ou empresários, incentivar a corrupção desenfreada, censurar e punir dissidentes. E fazê-lo às claras, no melhor estilo russo, sem qualquer necessidade de prestar contas.”

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