Em tempos de redes sociais é preciso reconstituir verdades

Guilherme Wisnik especula sobre os ideais do pós-modernismo, os quais, se antes eram considerados progressistas, passaram a ter um novo significado sob a égide das redes sociais e da manipulação promovida pelas fake news

 19/05/2022 - Publicado há 3 anos

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Em sua coluna desta semana, Guilherme Wisnik se debruça sobre os impasses do pós-modernismo. Ele observa que, ao longo dos anos 80, 90 e até o início dos anos 2000, toda uma teoria pós-moderna insistiu na ideia de que não existe uma verdade, o que se constituiu num ataque às grandes metanarrativas modernas. O pensamento pós-moderno insistiu na ideia de que tudo é discurso e de que há uma espécie de microfísica do poder, como apregoava o filósofo Michel Foucault. “Essa estrutura relativista do pós-modernismo foi muito progressista durante muito tempo”, diz o colunista,  no sentido de ter aberto camadas de discussão dentro da sociologia ou da filosofia ao mostrar que “as redes discursivas são muito mais plurais do que as metanarrativas, as explicações blocadas e unívocas”. O pós-modernismo combinava niilismo e ironia para destruir o que se considerava, até então, verdades absolutas, uma vez que “tudo repousa num sistema muito relativo”.

Vai daí que “a chegada das redes sociais e das manipulações com as fake news surfou em cima dessa onda, reivindicando que as verdades tinham mesmo de ser destruídas e desconstruídas, porque as verdades encarnavam sistemas de poder. Ou seja, “essa crítica, que era progressista num certo nível, de repente se viu desmudada, porque serviu inteiramente a essas formas de distorção e de vigilância de manipulação. A gente se vê hoje diante de uma situação nova, em que, de certa maneira, é preciso reconstituir verdades, reconstituir certezas, lugar de paradigmas estáveis; isso aparece na discussão, por exemplo, do multiculturalismo, do identitarismo, contra a ideia de universal, que seria uma ideia moderna”. No entanto, pergunta o colunista, o que acontece se a gente abandona o horizonte do universal? Matéria para reflexão.


Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar  quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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